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terça-feira, 3 de julho de 2012

Oficina de Leitura



SEMINÁRIO - TEMA:  “OFICINA DE LEITURA”
Profa. Tânia A Neves Barth



Objetivo:

O objetivo desta pesquisa é a análise das concepções de texto e leitura nas salas de aula.
Tema:

As causas da desmotivação e do desinteresse dos alunos na prática de leitura.
Método:

O método utilizado para a realização desta pesquisa foi a análise do capítulo 2 – “A Concepção Escolar da Leitura”, do livro “Oficina de Leitura”.

Referência:

KLEIMAN, Angela. A concepção escolar de leitura In:___. OFICINA DE LEITURA: TEORIA E PRÁTICA. Campinas, SP: Pontes, 2001, p. 15-30.

Considerações:
Angela Kleiman expõe a problemática de se conseguir estimular o aluno à prática de leitura, considerando que os textos são utilizados pelos professores como instrumentos de exercícios gramaticais, tirando-os o prazer da leitura pelo seu contexto. Pode-se identificar algumas práticas que inibem o gosto e interesse do aluno pela leitura:
  • Nos livros didáticos, os textos são utilizados para o ensino de regras sintáticas;
  • A tentativa de se fazer uma interpretação do texto de forma absoluta, sem levar em consideração o contexto histórico e social, tanto do autor quanto do aluno;
  • A leitura, em voz alta, para alunos das primeiras séries, pode provocar naqueles que têm dificuldade na pronúncia, motivo de insegurança e desmotivação;
Ao professor cabe o papel de mediador entre o aluno e o autor, alargando o universo temático do aprendiz e desenvolvendo seu senso crítico em relação à sociedade e ao mundo em que vive. O texto jornalístico pode ser bastante adequado para a familiarização do aluno com a leitura, já que o mesmo trata de assuntos cotidianos, com os quais ele se identifica. Existem várias possibilidades para se trabalhar de forma produtiva com textos jornalísticos:
·         Discutir com os alunos a relação da manchete com o texto;
·         As estratégias possíveis que o jornalista pode utilizar para abordar o texto;
·         Uso de expressões que expressem a opinião do jornalista, autor do texto;
·         O uso de aspas para reproduzir a fala do entrevistado;
·         Entre outras
É fundamental que o professor tenha interesse na área de leitura, ou seja, que o mesmo seja um leitor. Desta forma, terá mais facilidade em buscar formas alternativas e dinâmicas de despertar o gosto pela leitura em seus alunos, evitando as concepções obsoletas e ineficientes.

Explorando Textos e Horizontes: A Estética da Recepção no Ensino de Literatura

RESENHA SOBRE O TEXTO: “Explorando Textos e Horizontes: A Estética da Recepção no Ensino de Literatura” – SOUZA, Luana Soares de (Org.). Ensino de Língua e Literatura: Alternativas Metodológicas. Canoas: Ed. ULBRA, 2003.



     A literatura, sem dúvida, pode ser um poderoso instrumento, que possibilita ao professor despertar no aluno o encantamento pela leitura, que o acompanhará por toda sua vida. No entanto, alguns professores a utilizam apenas para o estudo de regras gramaticais, o que pode ser considerado inadequado, pois uma obra literária traduz-se como uma criação livre de um poeta ou escritor, devendo, portanto, ser tratado artisticamente e não como material de aprendizagem de conteúdos.

     A simples imposição da leitura de obras literárias consideradas clássicas, escolhidas pelo professor, não estimula os aprendizes, tornando-se enfadonha e criando um distanciamento entre o aluno e a obra. Tomando como princípio o fato de que cabe ao professor despertar no aluno seu senso crítico, tornando-o um leitor com capacidade analítica e um cidadão responsável, parece claro que as abordagens deste tema devem ser desafiadoras e instigantes.

     Já na década de 60 os filólogos Hans Robert Jauss, Karlheinz Stierle, Wolfgang Iser e H. U. Gumbrencht, fundadores do primeiro departamento de Ciência da Literatura da Universidade de Konstanz, na Alemanha, propuseram uma renovação no ensino da literatura, com a intenção de mudar a forma autoritária de ensinar a matéria e alcançar o diálogo entre professores e alunos.

     As obras estudadas eram, então, isoladas de seu contexto histórico e social, não havendo, portanto, nenhuma referência com a qual o leitor pudesse se identificar. O que Hans Robert e seus colegas defendiam é que o texto deve ser interpretado dentro do contexto das experiências dos leitores.  A ciência da literatura centra-se no leitor, cuja participação, enquanto destinatário, não pode ser ignorada. Desta forma, o conceito de “interpretação correta” é substituído pelas condições sociais e históricas relacionadas à significação do texto, e pelas condições recepcionais distintas dos leitores. O ponto de vista passa, então, da produção de uma obra para o seu consumo, a forma que o texto age sobre seu destinatário.

     De acordo com a teoria de Jauss, o professor deve, ao propor a leitura, observar os gostos dos alunos, bem como seu contexto social. Despertado o interesse, o professor poderá então, gradativamente, propor textos que o distanciem de seu universo, proporcionando ao aprendiz diferentes visões de mundo, com o objetivo de ampliar seus horizontes. Com este distanciamento, o aluno tem a oportunidade de refletir e interpretar sua história através de outras perspectivas. Quanto ao processo de avaliação, deverá ser observada a dinâmica de leitura e escrita do aluno nas atividades propostas, sua habilidade na comparação e no contraste e na argumentação.

     A literatura abordada desta forma torna-se prazerosa e não uma atividade mecânica e sem significado para o aluno. É importante que o professor tenha consciência de seu papel nesta relação, que saiba seduzir o aluno para a leitura, procurando identificar sua realidade histórico-social. Apesar de não parecer fácil ao professor enfrentar tal desafio, certamente o interesse dos alunos e seu desenvolvimento enquanto cidadãos trará ao mestre a grata sensação de dever cumprido.

    




terça-feira, 4 de agosto de 2009

Resenha: Filme Troya

RESENHA: Filme Troya

Tânia Aparecida Neves Barth

Os poemas épicos retratam fatos heróicos, numa narrativa bastante extensa que contém grandes feitos de heróis que tanto podem ser reais, quanto mitológicos, ou lendários. Os poemas épicos são históricos, no entanto os fatos são conhecidos através de narrações que se repetem no decorrer dos tempos. Desta forma, embora os poemas tenham a pretensão de retratar fatos e feitos reais, têm sua origem em lendas preservadas ao longo dos tempos pela tradição oral.
Os poemas épicos mais conhecidos são Ilíada e Odisséia. A Odisséia fala principalmente dos heróis envolvidos na guerra de Tróia, homens que vêm do mar com suas poderosas naus, com o intento de conquistar a cidade protegida por muralhas instransponíveis e heróis que tentam proteger seu povo e sua família.
O filme “Troya” narra a história de amor proibido entre Páris, príncipe de Tróia, e Helena, esposa do Rei de Esparta, Menelau. Páris rapta Helena e a leva para Tróia, onde é aceita como princesa, provocando a fúria do marido traído e possibilitando ao ambicioso Agamenon, irmão de Menelau, iniciar a histórica guerra para conquistar Tróia. Através dos mares, os heróis argonautas iniciam sua viagem para lavar a honra de Menelau e conquistar a tão cobiçada cidade. Unem-se a eles, os guerreiros gregos e reis conquistados, além de Aquiles, filho de deuses, que era descrito como um grande e invencível guerreiro, que tinha apenas o calcanhar como parte vulnerável de seu corpo. No entanto Aquiles, um guerreiro arrogante e independente, que não servia a nenhum rei, acaba por se apaixonar por Breseida, sobrinha do Rei de Tróia, retirando-se então da batalha. Quando Aquiles já se preparava para abandonar Tróia e voltar para a Grécia, seu primo é morto em batalha por Heitor, príncipe primogênito de Tróia.
Pode-se notar no filme Troya as características marcantes do gênero épico, onde se retrata possíveis costumes da época, tais como a queima dos mortos ou o ritual de arrastar o corpo do inimigo por três vezes para consagrar a vitória do vencedor. No entanto, cenas do filme parecem inverossímeis, perdendo-se em repetições e clichês cinematográficos. O verdadeiro herói do filme parece ser Heitor, eclipsando o famoso Aquiles, interpretado por Brad Pitt que, apesar de sua bela forma, mostrou um Aquiles desalentado, pouco expressivo. O amor arrebatador de Páris e Helena não convence, e o de Aquiles por Briseida convence menos ainda. Falta ao Aquiles do filme o propósito e a vivacidade dos grandes heróis épicos, sua arrogância mais parece birra de menino mimado e não a autoconfiança de um filho de deuses gregos.
Apesar dos deslizes do filme, pode-se notar a grandeza da guerra de Tróia, os feitos heróicos de seu povo, na defesa dos seus. Pouco se vê, no entanto, da ação dos deuses, percebe-se que estão envolvidos no tema apenas através das citações e do misticismo que leva o rei de Tróia a tomar decisões que o conduzem à derrota.
O filme tenta retratar o mundo épico, bastante irreal para o homem contemporâneo. Sabe-se, entretanto, que os mitos e as lendas são carregados de simbologia e dramaticidade que, ainda que latentes, não são vivenciadas pelo homem contemporâneo. Assim, o filme tenta reproduzir a imagem de um passado embelezado, de heróis gloriosos e onipotentes que se colocam de um modo superior à experiência contemporânea. No entanto, talvez pela necessidade do entretenimento que um filme “holywoodiano” representa, o roteiro distanciou-se da linguagem épica, resultando numa superprodução com figurinos questionáveis, histórias pessoais mal colocadas e excesso de efeitos especiais que tentam conferir ao filme um caráter grandioso.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Resenha do filme: Encontrando Forrester


RESENHA DO FILME “ENCONTRANDO FORRESTER”
Tânia Ap. Neves Barth

(Finding Forrester)
ENCONTRANDO FORRESTER, Direção: Gus Van Sant, Roteiro: Mike Rich, EUA, 2000, 136 min., color.
Elenco:- Sean Connery, F. Murray Abraham, Anna Paquin, Robert Brown, Michael Nouri, April Grace, Matt Damon, Busta Rhymes.

INTRODUÇÃO:

ENCONTRANDO FORRESTER é um filme dirigido a leitores e amantes de literatura. O filme conta com a ótima atuação dos experientes Sean Connery (Forrester) e F. Murray Abraham ( professor Crawford), além do bom trabalho do estreante Robert Brown (Jamal).
Aqui a arte do cinema aborda o tema da arte de escrever, pontuado pelos conflitos pessoais dos personagens. O filme mostra que escrever, ao contrário do que muitos pensam, não é só fruto de uma “inspiração divina”, que flui de maneira natural e perfeita de quem nasceu com este dom, é também um trabalho árduo e que necessita técnica e treinamento.
O pano de fundo para este tema mostra os conflitos gerados pelos preconceitos racial e social, além do peso da crítica para um autor.

RESUMO:

O filme mostra os conflitos de um jovem negro de classe baixa chamado Jamal, que vive no Bronk e se destaca no meio acadêmico, tanto pela sua habilidade no basquete quanto pelo talento em escrever.
O rapaz recebe uma bolsa numa escola particular de Manhatan, bastante conceituada, onde passa a sofrer preconceito tanto dos alunos quanto do professor de literatura, que imagina ser o basquete seu único objetivo para se tornar bem sucedido e desconfia da autoria dos trabalhos por ele apresentados.
Paralelamente Jamal conhece William Forrester, um escritor que se tornou uma lenda e uma curiosidade no Bronk por viver recluso em seu apartamento, e uma importante referência no meio literário por ser um grande escritor, vencedor do premio Pulitzer, com uma só obra publicada em toda sua vida.
A partir daí, desenvolve-se uma amizade, onde mestre e discípulo trocam ensinamentos não só do ofício de escrever, mas de lições de vida.

RESENHA CRÍTICA:

“Primeiro se escreve com o coração, depois se reescreve com a cabeça” – Essa é a frase chave dos ensinamentos do escritor Forrester para seu pupilo, o jovem que aspira tornar-se um grande escritor.

Pobre, negro, talentoso e perseverante. Com este perfil, o personagem Jamal segue em busca da realização de seu sonho e tenta ultrapassar as barreiras do preconceito e da discriminação.

Este é o assunto que o diretor Gus Van Sant aborda em primeiro plano, logo nos primeiros trinta minutos do filme. O personagem que vive no Bronk com a mãe, e cujo pai morreu viciado em crak, encontra na escrita uma forma de dar vazão aos seus sentimentos. Num segundo momento, ao conhecer Forrester, Jamal projeta no escritor a figura paternal ao mesmo tempo que Forrester vê no pupilo um resgate de sua juventude. Orientador e pupilo transcendem esses papéis na medida em que a amizade entre eles se desenvolve.

Forrester, a figura mais intrigante do filme, é desvendado aos poucos. No início ele parece ser somente um velho rabugento e solitário, que vive recluso em seu apartamento num bairro de classe baixa, mas o diretor vai tirando camada por camada, as máscaras do personagem. Apesar de seu jeito agressivo, ele se deixa envolver pelo jovem que pede sua ajuda e que, por força do destino, torna-se uma ponte entre ele e seu passado, já que seu professor de literatura é um antigo desafeto de Forrester.

Neste ponto vê-se que a crítica teve um papel fundamental na vida profissional do escritor. Sua primeira obra, vencedora de um importante prêmio literário, e aclamada pela crítica e pelo meio acadêmico como “A obra do século”, tornou-se um peso na vida de Forrester, que passou a repudiar qualquer tipo de crítica já que, segundo ele, “os críticos falam o que acham que sabem, ao passo que o autor é quem sabe realmente o sentido de sua obra”. Segundo Jamal, o próprio professor Crawford analisa a literatura de Forrester relacionando o autor com o personagem central do livro, sugerindo que o autor fala de si, o que revolta Forrester por considerar tal afirmação uma opinião equivocada de um escritor frustrado. Forrester parece sentir-se invadido e desrespeitado, mesmo com a consagração pública de seu trabalho.Sua posição tornou-se tão radical, que o escritor impediu, no passado, a publicação de um livro de autoria do professor Crawford, que falava sobre ele e sua obra.

No caso de Forrester, a crítica parece ter sido o motivo de sua reclusão e de o escritor não ter publicado mais nenhuma obra. Na verdade, existem paralelos reais do personagem, ou seja, autores reclusos, avessos à divulgação de seu nome e às críticas, como por exemplo, Jerome David Salinger:

“Jerome David Salinger, o autor, é uma figura estranha. Nascido em 1919, desde sempre foi avesso à imprensa ou outras formas de divulgação da sua figura, tornando-se paranoicamente recluso. Ainda na época do lançamento de The Catcher in the Rye, na década de quarenta, fez o seu editor prometer que não lhe enviaria quaisquer críticas que fossem publicadas sobre o livro. Reclamou também que a sua foto na contra-capa estaria muito grande. Solicitou que não fosse feita qualquer publicidade do livro aludindo à sua pessoa, alegando que não queria correr o risco de acreditar no que leria.” ( Nemo Nox é editor do blog Por um Punhado de Pixels e do site http://www.burburinho.com/, onde este texto foi originalmente publicado).

Apesar da posição do personagem, Forrester mostra-se apaixonado pela arte da escrita, que para ele é um ofício a ser dominado e que exige técnicas, que o escritor passa ao orientando, tais como: “escrever o que lhe vem à cabeça, sem pensar”, ou “copiar um texto e deixar que as próprias palavras surjam naturalmente e dêem início à criação literária”.

Num terceiro momento, o diretor aborda o aprendizado como uma troca, quando o mestre se apresenta na escola de Jamal para fazer a leitura de seu texto, demonstrando humildade e respeito pelo jovem escritor. Forrester reconhece que o rapaz, apesar de correr o risco de perder a bolsa e ser acusado de plágio, respeitou o pedido do amigo de não revelar a relação entre ambos.
Forrester agora já não é mais o mestre, seu pupilo está pronto, tanto que o escritor, após sua morte, deixa para o rapaz um manuscrito inédito, com a orientação de que o prefácio seja escrito por Jamal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O tema do filme leva à reflexão sobre o papel dos meios acadêmicos na vida prática das pessoas, já que o mesmo retrata a escola como uma instituição um tanto viciada, submetida a regras e conceitos que nem sempre se aplicam ao dia-a-dia dos alunos. Não deveria ser a escola um ambiente de trocas de conhecimentos entre alunos e professores, possibilitando que a aprendizagem se dê através de estímulos, pela interação e pela curiosidade? O filme demonstra claramente o engessamento das instituições e as limitações do professor Crawford devido a seus preconceitos, e a dificuldade de aceitação do “diferente”, trabalhando a educação de cima para baixo, através de uma hierarquia que não permite aos educandos uma participação ativa no aprendizado.
Os tabus certamente são difíceis de serem rompidos, e isto fica claro não só na trama, mas também no trabalho do diretor que, no romance entre Jamal e Anna, sua namorada branca e rica, não se permite mostrar um só beijo entre eles, apenas toques de mãos. Bastante inverosímil, em se tratando de dois jovens adolescentes e apaixonados...

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

TEIXEIRA, Ivan. Anatomia do crítico. In: Revista Cult.
WILLEMART, Phillipe. Paradigmas de um crítico. In: Revista Caros Amigos.
MACHADO, Luis Almeida. O cinema na escola. In: Site Planeta Educação.
ARONOVICH, Lola. Perto do Forrest, longe do Gump. In: Site Escreva Lola, Escreva.