A COLETIVA DA MONICA
Tânia Neves e Adriano Salvi
Expectativa, suspense, sussurros e burburinhos... a sala estava lotada de jornalistas, que para ganhar o pão de cada dia esperavam horas (ela estava atrasada) para ouvir o que a ex-colega tinha a dizer. Enquanto esperavam, alguns comentavam que a conheciam dos tempos das “vacas magras”, quando ela, assim como eles, espremia-se e acotovelava os concorrentes, fazendo de tudo para chegar mais perto do alvo, tentando conseguir uma informação importante e, quem sabe com sorte, um “furo”. Uma dessas ex-colegas, olhando por cima dos óculos para leitura comprados em farmácia, dizia:
--Parece que ela conseguiu chegar bem perto do “furo”, hein?
Enquanto o outro, com uma coxinha de galinha na boca, tentava fazer uma piadinha:
-- Mas quem acabou “furada” foi ela... – disse ele, esboçando um sorriso galináceo, que não foi correspondido.
-- Essa aí foi esperta... e peituda. Tem que ter coragem pra fazer o que ela fez.
-- Coragem e outras “cositas más”. – disse outro, aproximando-se da mesa de salgadinhos que haviam preparado para distrair os jornalistas, enquanto esperavam.
A expectativa era realmente grande, já que a mulher que convocara a coletiva, depois de armar toda a confusão, tinha sumido de cena. Alguns achavam que ela estava com medo, talvez até estivesse sendo ameaçada, já que a fama dos alagoanos era de que costumavam “riscar a faca” para resolver as pendengas. Outros diziam que talvez ela tivesse recebido um “cala-te boca” bem gordo para parar de tagarelar, ou até que a mulher do senador ”tinha ameaçado arrancar o silicone da outra a dentadas”. A verdade é que Mônica Veloso, a quem costumo me referir pela alcunha carinhosa de “Mônica Vacoso”, devido ao argumento do senador, que teria vendido cabeças de gado para engordar a pensão da amante, provocou um estardalhaço no Senado. A moça parecia não se contentar em ser apenas a amante secreta do Presidente do Senado, e receber míseros doze mil reais por mês, por conta de seu rebento. O anonimato parecia não fazer parte de seus planos, afinal, tanto de seu suor correu (na academia...), tantos cosméticos importados, botox, silicone, Restilene... tudo isso para quê? O Brasil precisava ver que baita amante o Senador perdeu. E perdeu porque era “mão-de vaca”... (ôpa, voltamos aos ruminantes), afinal, a mixaria de doze mil reais por mês mal dá para sustentar o cirurgião e o cabeleireiro, quanto menos uma filha, uma "bênção de Deus"... No entanto, lá estava ela novamente, em cena. Depois do retiro, convocou a imprensa e fez mistério sobre o assunto. A moça, não se pode negar, aprendeu direitinho com suas antecessoras - amantes, secretárias, ex-mulheres e afins - ávidas pela fama e verdadeiras “divas” do marketing pessoal. Todos os jornalistas presentes, representantes dos veículos de mídia mais importantes do país estavam ansiosos pelo que parecia ser uma “bomba”. Especulavam se a moça apresentaria alguma prova irrefutável do envolvimento do Senador em negócios ilícitos... afinal, a companheira de alcova do Senador criador de vacas, devia saber muito mais do que sonha a vã filosofia da plebe mortal, pagadora de impostos. Bem, finalmente o suspense parecia ter chegado ao fim, o advogado de bolso da moça apareceu anunciando que ela chegara e estaria entre eles em alguns minutos. Os jornalistas respiraram aliviados, afinal, eram duas horas de atraso, os salgadinhos (os que sobraram) já estavam frios e as piadinhas esgotadas...
De repente, entra a moça. Óculos escuros, tailler bem cortado, sapato de salto e bico fino, cabelo impecável, muito elegante. Os jornalistas que já não agüentavam mais tanto frufru, começaram logo as perguntas:
-- Mônica, qual foi o motivo dessa coletiva? Você teria alguma informação sobre o caso do Senador? Perguntou logo um.
Mas para decepção de uns e desespero de outros, o motivo da coletiva era nada mais, nada menos, que a divulgação das fotos que fez para a Playboy. Tudo bem, não deixa de ser notícia, e tem muito otário que vai dar uma força, comprando a revista.
"Inclusive", disse a moça, "O Zé Erinaldo, da banca do Congresso me disse que o pessoal está ansioso esperando a revista sair, ele acha que vende no mínimo uns noventa exemplares, já no primeiro dia". Enquanto falava, as imagens da “Mãe do Ano”, em poses nada maternais, eram exibidas num telão instalado ao lado da mesa. Uma jornalista imediatamente lembrou-se de sua viagem a São Luis do Maranhão, onde os açougues costumam expor as carnes penduradas na fachada, ao ar livre, prestigiadas por felizes moscas.. Sentiu que os salgadinhos queriam voltar, mas conseguiu contê-los.
-- Com o tempo você acaba acostumando - acalmou um colega mais escolado. E para finalizar com chave de ouro, a "teúda e manteúda" do Senador, diante da insistência de alguns jornalistas em fazer perguntas sobre escândalos, corrupção e lobistas, veio com a máxima:
-- Se pequei, pequei por amar demais...
Aí os salgadinhos no estômago da jornalista criaram vida própria.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Será que todo lobo é mau?
A HISTÓRIA DO LOBO MAU
Tânia A. Neves Barth
Era uma vez um lobinho que vivia feliz com sua mãe e seus irmãos. Sua vida era muito feliz, ele passava o dia a brincar com os irmãozinhos enquanto sua mãe saía para buscar comida, e quando ela chegava com o almoço, era aquela festa. Um belo dia, sua mãe não voltou. O lobinho e seus irmãos esperaram, esperaram e nada... A noite caiu, os lobinhos ficaram com muito medo e tremendo de frio, até que a coruja veio dar a notícia: Sua mãe fora caçada por um homem mau e estava morta. Os lobinhos teriam que sair pelo mundo e procurarem seus próprios alimentos. O lobinho se despediu dos irmãos e seguiu seu caminho. Andou, andou, até que chegou a uma floresta muito bonita e intocada, cheia de animais e frutas, que o lobinho adorava comer. Com o passar dos anos, pessoas foram construindo casas bem próximas à floresta. O lobinho foi crescendo e vivia feliz, porém, de tanto os caçadores matarem os animais, o lobo, que já era um jovem, foi ficando cada vez mais sem ter o que caçar. A vida do lobo ficava cada dia mais difícil, mas ele não tinha para onde ir, pois se tentava se aproximar das casas, procurando algum alimento, os homens ficavam muito bravos e tentavam mata-lo. Ele não entendia porque os homens podiam invadir sua floresta, mas ele não podia nem sequer se aproximar da casa deles, afinal, ele também precisava sobreviver...O lobo tornou-se adulto e a coisa ficava cada dia pior, pois além de quase não ter mais o que caçar, ele tinha que viver fugindo das pessoas que apareciam na floresta, muitas para caçar os poucos animais que restaram, só por diversão. Um belo dia, o lobo deu de cara com uma menina que vestia uma estranha capa vermelha e trazia uma cesta de piquenique nas mãos. O lobo, de início, levou um susto e pensou em fugir, mas a menina puxou conversa e parecia não estar com aquela coisa que cuspia fogo. A menina disse ao lobo que era filha do caçador e que estava perdida. Queria chegar à casa da avó que estava doente, mas ao pegar um atalho havia se perdido na floresta. Ela explicou como era a casa da avó e o lobo logo se lembrou onde ficava. Ele explicou para a menina como chegar lá, ela agradeceu e foi embora. O lobo, com o estômago roncando, voltou para dentro da floresta, tentando achar algo para comer. Foi quando ouviu um estouro, seguido de um zunido no ouvido... logo percebeu que o caçador perto e que tentou abate-lo sem mais nem menos. O lobo correu, mas estava magro e faminto e o caçador tinha cães que latiam bem alto e estavam bem alimentados. Um deles alcançou o lobo e lhe deu uma bela mordida na perna, mas felizmente o lobo conseguiu escapar. Exausto, no limite de suas forças, entrou num rio que passava perto e se deixou levar pela correnteza. Enquanto lutava pela vida, o lobo pensava porque o caçador queria matá-lo, já que ele tinha tanta comida em sua casa, não precisava matar o lobo para se alimentar, então porque fazer tamanha maldade? Pois se ele, o lobo, um animal selvagem, não fez mal algum à filha do caçador quando a encontrou, até a ajudou a achar o caminho da casa da avó! Finalmente o lobo não ouvia mais os latidos e nadou até a margem. Seu estômago doía de fome, seu machucado doía de dor e seu coração doía de indignação. O lobo avistou uma casa e resolveu entrar, lá devia haver algo para comer, e o lobo não agüentava mais de fome, nem conseguia pensar direito. Assim que entrou, percebeu que estava na casa da avó da menina, e que ela não estava em casa, então o lobo comeu o que encontrou e deitou-se um pouco na cama da velhinha para descansar. De repente ele ouviu um barulho na porta. Em seguida ouviu a voz conhecida da menina da capa vermelha, chamando: - Vovó! O lobo ficou assustado, pegou a touca e a camisola da avó que estavam em cima da cama e vestiu rapidamente. A garota, que era meio míope, nem notou a diferença. Sentou-se na cama e começou a conversar com o lobo, pensando que era a avó. De repente, aproximando-se mais do lobo, perguntou:
- Vovó, porque a senhora está com essas orelhas tão grandes? - E o lobo respondeu:
- É para te ouvir melhor, querida. - A menina perguntou ainda:
- Vovó, e por que seus olhos estão tão grandes?
- É para te ver melhor, querida. - Respondeu o lobo.
- E essa boca tão grande? O lobo pensou um pouco com seus botões: “Essa é a chance de me vingar dessas pessoas que invadem a minha floresta e matam todos os animais. Afinal, o pai dessa menina que eu havia ajudado quando estava perdida, tentou me matar, sem a menor piedade... agora ele é quem vai ver uma coisa”... e respondeu, mostrando bem os dentes:
- É para te comer!!!
A menina levou um tremendo susto quando percebeu que era o lobo quem estava ali, tentou sair correndo, mas foi agarrada pelo lobo, já pronto para devora-la. Foi quando a vovó chegou e, vendo aquela cena, implorou chorando ao lobo, que a devorasse no lugar da neta. A vovó disse ao lobo que a neta não tinha feito nada de mal a ele, mas que se ele quisesse mesmo se vingar, acabasse com ela e poupasse sua querida neta, pois ela era a mãe do caçador que tentara mata-lo. O lobo, vendo o desespero daquela senhora, tão frágil e delicada, percebeu que a vingança não resolveria seu problema, não impediria que o caçador matasse outros animais e também não faria o lobo sentir-se melhor. O lobo pediu desculpas à vovó e à menina, contou tudo o que vinha passando, e que se sentia solitário e perdido, já que seus amigos foram todos mortos pelo caçador. A vovó ficou emocionada e penalizada com a situação do lobo e propôs que ficassem amigos, ele poderia vir almoçar e jantar todos os dias com ela, seriam amigos e fariam companhia um para o outro, já que ela também vivia sozinha. Ela contou ao lobo que, como era já bem velha, seu filho, o caçador, não tinha muita paciência com ela, então ela preferiu morar ali sozinha, e a única pessoa que a visitava era a netinha querida. De repente, eles ouviram o latido dos cães, que farejaram o cheiro do lobo. A velhinha pegou a cesta que a neta lhe trouxe, deu ao lobo e disse:
- Tome isto para passar alguns dias até tudo se acalmar. Mas não se esqueça, de agora em diante somos bons amigos e espero você para as refeições. Agora fuja, meu amigo, que se meu filho te pega aqui, você virará troféu de parede! O lobo disse adeus à velhinha e à menina e partiu, sumindo na floresta.
Desde então, ouve-se uma história maluca, espalhada pelo caçador, de que o lobo comeu a vovó e atacou a menina, mas felizmente o caçador havia chegado a tempo de salvar a filha e ainda por cima abrir a barriga do lobo, retirando sua mãe vivinha da silva lá de dentro. A partir de então, todos passaram a ter medo do tal do “Lobo Mau” que vivia escondido na floresta.
Florianópolis, 06/11/2007
Tânia A. Neves Barth
Era uma vez um lobinho que vivia feliz com sua mãe e seus irmãos. Sua vida era muito feliz, ele passava o dia a brincar com os irmãozinhos enquanto sua mãe saía para buscar comida, e quando ela chegava com o almoço, era aquela festa. Um belo dia, sua mãe não voltou. O lobinho e seus irmãos esperaram, esperaram e nada... A noite caiu, os lobinhos ficaram com muito medo e tremendo de frio, até que a coruja veio dar a notícia: Sua mãe fora caçada por um homem mau e estava morta. Os lobinhos teriam que sair pelo mundo e procurarem seus próprios alimentos. O lobinho se despediu dos irmãos e seguiu seu caminho. Andou, andou, até que chegou a uma floresta muito bonita e intocada, cheia de animais e frutas, que o lobinho adorava comer. Com o passar dos anos, pessoas foram construindo casas bem próximas à floresta. O lobinho foi crescendo e vivia feliz, porém, de tanto os caçadores matarem os animais, o lobo, que já era um jovem, foi ficando cada vez mais sem ter o que caçar. A vida do lobo ficava cada dia mais difícil, mas ele não tinha para onde ir, pois se tentava se aproximar das casas, procurando algum alimento, os homens ficavam muito bravos e tentavam mata-lo. Ele não entendia porque os homens podiam invadir sua floresta, mas ele não podia nem sequer se aproximar da casa deles, afinal, ele também precisava sobreviver...O lobo tornou-se adulto e a coisa ficava cada dia pior, pois além de quase não ter mais o que caçar, ele tinha que viver fugindo das pessoas que apareciam na floresta, muitas para caçar os poucos animais que restaram, só por diversão. Um belo dia, o lobo deu de cara com uma menina que vestia uma estranha capa vermelha e trazia uma cesta de piquenique nas mãos. O lobo, de início, levou um susto e pensou em fugir, mas a menina puxou conversa e parecia não estar com aquela coisa que cuspia fogo. A menina disse ao lobo que era filha do caçador e que estava perdida. Queria chegar à casa da avó que estava doente, mas ao pegar um atalho havia se perdido na floresta. Ela explicou como era a casa da avó e o lobo logo se lembrou onde ficava. Ele explicou para a menina como chegar lá, ela agradeceu e foi embora. O lobo, com o estômago roncando, voltou para dentro da floresta, tentando achar algo para comer. Foi quando ouviu um estouro, seguido de um zunido no ouvido... logo percebeu que o caçador perto e que tentou abate-lo sem mais nem menos. O lobo correu, mas estava magro e faminto e o caçador tinha cães que latiam bem alto e estavam bem alimentados. Um deles alcançou o lobo e lhe deu uma bela mordida na perna, mas felizmente o lobo conseguiu escapar. Exausto, no limite de suas forças, entrou num rio que passava perto e se deixou levar pela correnteza. Enquanto lutava pela vida, o lobo pensava porque o caçador queria matá-lo, já que ele tinha tanta comida em sua casa, não precisava matar o lobo para se alimentar, então porque fazer tamanha maldade? Pois se ele, o lobo, um animal selvagem, não fez mal algum à filha do caçador quando a encontrou, até a ajudou a achar o caminho da casa da avó! Finalmente o lobo não ouvia mais os latidos e nadou até a margem. Seu estômago doía de fome, seu machucado doía de dor e seu coração doía de indignação. O lobo avistou uma casa e resolveu entrar, lá devia haver algo para comer, e o lobo não agüentava mais de fome, nem conseguia pensar direito. Assim que entrou, percebeu que estava na casa da avó da menina, e que ela não estava em casa, então o lobo comeu o que encontrou e deitou-se um pouco na cama da velhinha para descansar. De repente ele ouviu um barulho na porta. Em seguida ouviu a voz conhecida da menina da capa vermelha, chamando: - Vovó! O lobo ficou assustado, pegou a touca e a camisola da avó que estavam em cima da cama e vestiu rapidamente. A garota, que era meio míope, nem notou a diferença. Sentou-se na cama e começou a conversar com o lobo, pensando que era a avó. De repente, aproximando-se mais do lobo, perguntou:
- Vovó, porque a senhora está com essas orelhas tão grandes? - E o lobo respondeu:
- É para te ouvir melhor, querida. - A menina perguntou ainda:
- Vovó, e por que seus olhos estão tão grandes?
- É para te ver melhor, querida. - Respondeu o lobo.
- E essa boca tão grande? O lobo pensou um pouco com seus botões: “Essa é a chance de me vingar dessas pessoas que invadem a minha floresta e matam todos os animais. Afinal, o pai dessa menina que eu havia ajudado quando estava perdida, tentou me matar, sem a menor piedade... agora ele é quem vai ver uma coisa”... e respondeu, mostrando bem os dentes:
- É para te comer!!!
A menina levou um tremendo susto quando percebeu que era o lobo quem estava ali, tentou sair correndo, mas foi agarrada pelo lobo, já pronto para devora-la. Foi quando a vovó chegou e, vendo aquela cena, implorou chorando ao lobo, que a devorasse no lugar da neta. A vovó disse ao lobo que a neta não tinha feito nada de mal a ele, mas que se ele quisesse mesmo se vingar, acabasse com ela e poupasse sua querida neta, pois ela era a mãe do caçador que tentara mata-lo. O lobo, vendo o desespero daquela senhora, tão frágil e delicada, percebeu que a vingança não resolveria seu problema, não impediria que o caçador matasse outros animais e também não faria o lobo sentir-se melhor. O lobo pediu desculpas à vovó e à menina, contou tudo o que vinha passando, e que se sentia solitário e perdido, já que seus amigos foram todos mortos pelo caçador. A vovó ficou emocionada e penalizada com a situação do lobo e propôs que ficassem amigos, ele poderia vir almoçar e jantar todos os dias com ela, seriam amigos e fariam companhia um para o outro, já que ela também vivia sozinha. Ela contou ao lobo que, como era já bem velha, seu filho, o caçador, não tinha muita paciência com ela, então ela preferiu morar ali sozinha, e a única pessoa que a visitava era a netinha querida. De repente, eles ouviram o latido dos cães, que farejaram o cheiro do lobo. A velhinha pegou a cesta que a neta lhe trouxe, deu ao lobo e disse:
- Tome isto para passar alguns dias até tudo se acalmar. Mas não se esqueça, de agora em diante somos bons amigos e espero você para as refeições. Agora fuja, meu amigo, que se meu filho te pega aqui, você virará troféu de parede! O lobo disse adeus à velhinha e à menina e partiu, sumindo na floresta.
Desde então, ouve-se uma história maluca, espalhada pelo caçador, de que o lobo comeu a vovó e atacou a menina, mas felizmente o caçador havia chegado a tempo de salvar a filha e ainda por cima abrir a barriga do lobo, retirando sua mãe vivinha da silva lá de dentro. A partir de então, todos passaram a ter medo do tal do “Lobo Mau” que vivia escondido na floresta.
Florianópolis, 06/11/2007
A música como estratégia de ensino
A MÚSICA COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Tânia A Neves Barth*
Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir a utilização da música como estratégia de ensino da Língua Portuguesa, bem como sua relevância na contribuição da melhoria do ensino da disciplina.
Palavras-chave: Música na educação, língua portuguesa, estratégia de ensino.
1. Introdução
As dificuldades no aprendizado de leitura e produção literária, além do pouco aproveitamento do tempo-espaço em sala de aula, são fatores que levam os profissionais da educação a procurar estratégias criativas para otimizar sua atuação junto aos alunos de língua portuguesa. A música tem sido utilizada como uma estratégia eficiente, já que a musicalidade faz parte do dia-a-dia dos jovens.
2. A música como estímulo do aprendizado
A música está intimamente ligada às pessoas, desde seu nascimento, não só fisicamente, mas emocionalmente também. O ser humano não vive sem música, seja ela instrumental ou cantada. Principalmente os jovens, são muito envolvidos com a musicalidade, dedicando grande parte de seu tempo em ouvir e sentir as músicas, sendo profundamente influenciados por ela. Neste sentido, o professor de língua portuguesa tem uma forte aliada na elaboração de exercícios, despertando o interesse e atenção dos alunos.
Além disso, a música pode ser um instrumento de aproximação entre o professor e seus alunos, já que os métodos convencionais, na maioria das vezes, acabam provocando o processo de “decoreba”, ou seja, não há uma fixação do conteúdo da disciplina.
A música, como reprodutora da cultura, pode ajudar o professor de língua portuguesa a trazer as regras gramaticais e estilos literários à realidade dos jovens aprendizes, de modo que eles percebam que a língua portuguesa faz parte de sua vida e de seu dia-a-dia.
3. Considerações Finais
A utilização da música, associada ou não à dança, sem dúvida é uma estratégia bastante importante para os professores de praticamente todas as disciplinas, principalmente para os professores de língua portuguesa, que através da musicalidade inerente aos jovens, cria um elo de comunicação e aproximação com seus alunos.
Vários aspectos do programa de ensino podem ser abordados através da música, tais como: estilo de narrativa, ortografia, coesão, regras gramaticais, entre outros. O importante é estimular a criatividade e a sensibilidade dos estudantes.
A identificação dos jovens com as músicas utilizadas em sala de aula, é fundamental para que se obtenha sucesso com esta estratégia, portanto, o professor deve estar atento para que as músicas escolhidas sejam coerentes com a o gosto musical da faixa etária de seus alunos.
Outro aspecto que pode ser explorado com a utilização da música em sala de aula é o da discussão de problemáticas sociais, despertando o sentido de cidadania e de participação do jovem em sua comunidade, afinal, a missão do educador não se resume em passar informações acadêmicas simplesmente, mas também em contribuir para a formação de cidadãos conscientes e participantes.
4. Referências
OLIVEIRA, Aline Renata de et al. A música no ensino de língua portuguesa, 2002, disponível em, acesso em 11 de dezembro de 2007.
ONGARO, Carina de Faveri et al. A importância da música na aprendizagem, 2006, disponível em, acesso em 11 de dezembro de 2007.
ANDRE, Fátima. Métodos, estratégias de ensino e organização da escola, 2007, disponível em http://revisitaraeducacao.blogspot.com/2007/11/mtodos-estratgias-de-ensino-e-organizao.html, acesso em 11 de dezembro de 2007.
Florianópolis, dezembro de 2007
Tânia A Neves Barth*
Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir a utilização da música como estratégia de ensino da Língua Portuguesa, bem como sua relevância na contribuição da melhoria do ensino da disciplina.
Palavras-chave: Música na educação, língua portuguesa, estratégia de ensino.
1. Introdução
As dificuldades no aprendizado de leitura e produção literária, além do pouco aproveitamento do tempo-espaço em sala de aula, são fatores que levam os profissionais da educação a procurar estratégias criativas para otimizar sua atuação junto aos alunos de língua portuguesa. A música tem sido utilizada como uma estratégia eficiente, já que a musicalidade faz parte do dia-a-dia dos jovens.
2. A música como estímulo do aprendizado
A música está intimamente ligada às pessoas, desde seu nascimento, não só fisicamente, mas emocionalmente também. O ser humano não vive sem música, seja ela instrumental ou cantada. Principalmente os jovens, são muito envolvidos com a musicalidade, dedicando grande parte de seu tempo em ouvir e sentir as músicas, sendo profundamente influenciados por ela. Neste sentido, o professor de língua portuguesa tem uma forte aliada na elaboração de exercícios, despertando o interesse e atenção dos alunos.
Além disso, a música pode ser um instrumento de aproximação entre o professor e seus alunos, já que os métodos convencionais, na maioria das vezes, acabam provocando o processo de “decoreba”, ou seja, não há uma fixação do conteúdo da disciplina.
A música, como reprodutora da cultura, pode ajudar o professor de língua portuguesa a trazer as regras gramaticais e estilos literários à realidade dos jovens aprendizes, de modo que eles percebam que a língua portuguesa faz parte de sua vida e de seu dia-a-dia.
3. Considerações Finais
A utilização da música, associada ou não à dança, sem dúvida é uma estratégia bastante importante para os professores de praticamente todas as disciplinas, principalmente para os professores de língua portuguesa, que através da musicalidade inerente aos jovens, cria um elo de comunicação e aproximação com seus alunos.
Vários aspectos do programa de ensino podem ser abordados através da música, tais como: estilo de narrativa, ortografia, coesão, regras gramaticais, entre outros. O importante é estimular a criatividade e a sensibilidade dos estudantes.
A identificação dos jovens com as músicas utilizadas em sala de aula, é fundamental para que se obtenha sucesso com esta estratégia, portanto, o professor deve estar atento para que as músicas escolhidas sejam coerentes com a o gosto musical da faixa etária de seus alunos.
Outro aspecto que pode ser explorado com a utilização da música em sala de aula é o da discussão de problemáticas sociais, despertando o sentido de cidadania e de participação do jovem em sua comunidade, afinal, a missão do educador não se resume em passar informações acadêmicas simplesmente, mas também em contribuir para a formação de cidadãos conscientes e participantes.
4. Referências
OLIVEIRA, Aline Renata de et al. A música no ensino de língua portuguesa, 2002, disponível em
ONGARO, Carina de Faveri et al. A importância da música na aprendizagem, 2006, disponível em
ANDRE, Fátima. Métodos, estratégias de ensino e organização da escola, 2007, disponível em http://revisitaraeducacao.blogspot.com/2007/11/mtodos-estratgias-de-ensino-e-organizao.html, acesso em 11 de dezembro de 2007.
Florianópolis, dezembro de 2007
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
TV Tupi: Cenas Inéditas
Vídeo de imagens inéditas da TV Tupi. Gravadas em 1953, na Vila Mimosa, bairro de baixo meretrício do Rio de Janeiro.
Expressões populares do Nordeste
Algumas expressões populares típicas do Nordeste:
a torto e a direito- indiscriminadamente;
abestado – bobo, abestalhado;
aboletar-se – instalar-se;
acocho –aperto, arrocho;
amofinado – aborrecido, infeliz;
aperreado – nervoso, preocupado;
arretado – irritado ou então algo muito bom;
assim ou assado – de uma maneira ou de outra;
assobiar e chupar cana- fazer duas coisas ao mesmo tempo;
atanazar – aborrecer, importunar;
atirar pedra em casa de marimbondo- mexer com quem está quieto e se arriscar;
bagunçar o coreto – anarquizar, cometer desordem;
balela – boato, conversa fiada;
bater o facho – morrer;
berloque – pingente, enfeite;
birinaite – bebida alcoólica;
bisaco – saco, sacola;
botar as barbas de molho – tomar as devidas precauções;
brocoió – medíocre, caipira;
bugigangas – coisas sem valor;
cabreiro – desconfiado;
cachete – comprimidos, pílulas;
cafua – depósito, lugar pequeno;
cafundó – lugar muito longe;
cascavilhar – procurar, investigar;
chamaril – coisa para chamar a atenção;
chinfrim – coisa ordinária;
cutucar o cão com vara curta – mexer com quem está quieto e se arriscar;
deforete – tomar uma brisa, ao ar livre;
degringolar – desordenar, desorganizar, algo que dar errado;
derna – desde
destambocar – tirar pedaço;
destrambelhada – desajustada metal;
empeiticar – importunar;
empiriquitado – enfeitado;
encangado – junto, pregado;
espoletado – danado da vida, com raiva;
estrambólico – extravagante, esquisito;
faniquito – desmaio, chilique;
fiofó – traseiro;
fuleiro – sem muito valor, ordinário;
fulustreco – fulano;
fuzuê – barulho, confusão;
gaitada – risada estridente, gargalhada;
gastura – incômodo, mal-estar;
goga – contar vantagem, vaidade;
guenzo – magro, esquelético;
inhaca – mau cheiro, catinga, fedor;
inté – até logo;
jururu – triste, pensativa;
labrugento ou lambugento – serviço malfeito;
lambança – desordem, barulho;
levar gato por lebre – ser enganado, logrado;
levar desaforo pra casa – acovardar-se, não reagir;
macambúzio – tristonho, pensativo;
malamanhado – desarrumado;
manzanza – preguiça, demora;
mundiça – gente sem educação;
nadica – nada;
nopró – indivíduo difícil;
nos trinques – nos conformes;
oião – curioso, enxerido;
onde o diabo perdeu as botas – lugar ermo, distante;
pantim – exageros, espantos;
peba – coisa ordinária;
peitica – insistência incômoda;
pendenga – assunto por acabar;
penduricalho – enfeite;
pé-rapado – pobretão;
pinicar – beliscar;
pinóia – expressão de aborrecimento;
piripaque – passar mal;
potoca – mentira;
rabiçaca – sacudidela, movimento;
salceiro – barulho, confusão;
samboque – pedaço;
sorumbático – tristonho, pensativo;
sustança – força, vigor;
trepeça – algo que não serve pra nada;
virar defundo – morrer;
virar o copo – ingerir bebida alcoólica;
a torto e a direito- indiscriminadamente;
abestado – bobo, abestalhado;
aboletar-se – instalar-se;
acocho –aperto, arrocho;
amofinado – aborrecido, infeliz;
aperreado – nervoso, preocupado;
arretado – irritado ou então algo muito bom;
assim ou assado – de uma maneira ou de outra;
assobiar e chupar cana- fazer duas coisas ao mesmo tempo;
atanazar – aborrecer, importunar;
atirar pedra em casa de marimbondo- mexer com quem está quieto e se arriscar;
bagunçar o coreto – anarquizar, cometer desordem;
balela – boato, conversa fiada;
bater o facho – morrer;
berloque – pingente, enfeite;
birinaite – bebida alcoólica;
bisaco – saco, sacola;
botar as barbas de molho – tomar as devidas precauções;
brocoió – medíocre, caipira;
bugigangas – coisas sem valor;
cabreiro – desconfiado;
cachete – comprimidos, pílulas;
cafua – depósito, lugar pequeno;
cafundó – lugar muito longe;
cascavilhar – procurar, investigar;
chamaril – coisa para chamar a atenção;
chinfrim – coisa ordinária;
cutucar o cão com vara curta – mexer com quem está quieto e se arriscar;
deforete – tomar uma brisa, ao ar livre;
degringolar – desordenar, desorganizar, algo que dar errado;
derna – desde
destambocar – tirar pedaço;
destrambelhada – desajustada metal;
empeiticar – importunar;
empiriquitado – enfeitado;
encangado – junto, pregado;
espoletado – danado da vida, com raiva;
estrambólico – extravagante, esquisito;
faniquito – desmaio, chilique;
fiofó – traseiro;
fuleiro – sem muito valor, ordinário;
fulustreco – fulano;
fuzuê – barulho, confusão;
gaitada – risada estridente, gargalhada;
gastura – incômodo, mal-estar;
goga – contar vantagem, vaidade;
guenzo – magro, esquelético;
inhaca – mau cheiro, catinga, fedor;
inté – até logo;
jururu – triste, pensativa;
labrugento ou lambugento – serviço malfeito;
lambança – desordem, barulho;
levar gato por lebre – ser enganado, logrado;
levar desaforo pra casa – acovardar-se, não reagir;
macambúzio – tristonho, pensativo;
malamanhado – desarrumado;
manzanza – preguiça, demora;
mundiça – gente sem educação;
nadica – nada;
nopró – indivíduo difícil;
nos trinques – nos conformes;
oião – curioso, enxerido;
onde o diabo perdeu as botas – lugar ermo, distante;
pantim – exageros, espantos;
peba – coisa ordinária;
peitica – insistência incômoda;
pendenga – assunto por acabar;
penduricalho – enfeite;
pé-rapado – pobretão;
pinicar – beliscar;
pinóia – expressão de aborrecimento;
piripaque – passar mal;
potoca – mentira;
rabiçaca – sacudidela, movimento;
salceiro – barulho, confusão;
samboque – pedaço;
sorumbático – tristonho, pensativo;
sustança – força, vigor;
trepeça – algo que não serve pra nada;
virar defundo – morrer;
virar o copo – ingerir bebida alcoólica;
quinta-feira, 23 de julho de 2009
A Língua Portuguesa no Telejornalismo Brasileiro
A PADRONIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO TELEJORNALISMO BRASILEIRO
ESTUDO DE CASO: JORNAL NACIONAL DA REDE GLOBO
Florianópolis 2007
A PADRONIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO TELEJORNALISMO
BRASILEIRO: ESTUDO DE CASO JORNAL NACIONAL DA REDE GLOBO
Aluna: Tânia A Neves Barth*
Orientadora: Profa. Eliana C Moreira Utzig**
Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir a padronização da língua nativa brasileira, oral e
escrita, veiculada pelos telejornais, destacando o Jornal Nacional, da Rede Globo de
Televisão. O trabalho apresenta um breve relato sobre o surgimento do telejornalismo no
Brasil, registros da produção dos scripts da primeira edição do Jornal Nacional, regras
lingüísticas utilizadas, e normas criadas pelos editores para a apresentação oral dos textos.
Através de entrevistas realizadas em outubro de 2007, com profissionais da RBS de
Florianópolis, responsáveis pela produção de matérias jornalísticas da região de Santa
Catarina para a Rede Globo, levantou-se um comparativo das mudanças nas regras de
padronização ocorridas no decorrer dos anos. A identificação das normas adotadas para a
padronização da linguagem, foi feita através de pesquisas bibliográficas, artigos acadêmicos e
sites relacionados ao assunto.
Palavras-chave: Telejornalismo, linguagem oral e escrita, Jornal Nacional.
Abstract:
This paper aims to discuss the standardization of Brazilian native language, oral and written,
conveyed by TV news, highlighting the Jornal Nacional, the Globo Television Network. The
work presents a brief report on the emergence of TV news in Brazil, records of the production
of scripts of the first edition of the Jornal Nacional, rules language used, and standards created
by publishers for the oral presentation of texts. Through interviews conducted in October
2007, with professionals RBS, Florianopolis, responsible for the production of material news
from the region of Santa Catarina to Rede Globo, raised to be a comparison of changes in the
rules of standardization that occurred during the years. The identification of standards adopted
for the standardization of the language was done by bibliographic searches, scholarly articles
and web sites related to the subject.
Keywords: Journalism of TV, oral and written language, Jornal Nacional.
* Tânia A. Neves Barth é acadêmica do 8o. período do curso de Letras Português-Inglês na Universidade do Vale do Itajaí/SC, musicista,
atriz registrada no Departamento Regional do Trabalho/SP e produtora de TV.
Mail: taniabrazil_8@hotmail.com
** Orientadora: Profa. Eliana Utzig é mestre em Educação, professora das disciplinas Língua Portuguesa, do curso de Letras, Linguagem Jurídica, do curso de Direito, e Prática Docente, do Núcleo das Licenciaturas, Coordenadora dos projetos de extensão: Encantarolando e Na Ponta da Língua. Mail: eutzig@univali.br
Introdução
O telejornalismo, bem como os demais veículos de comunicação, é responsável por fazer
com que os fatos importantes do dia-a-dia cheguem ao conhecimento dos cidadãos. Sua
missão é comunicar tais fatos de forma que todos os telespectadores, independente de sua
região, entendam perfeitamente o que o apresentador ou repórter tem a dizer. Além disso, o
jornalista responsável por transmitir a notícia, via de regra, deve parecer imparcial, não
emitindo opiniões pessoais a respeito do assunto.
Conforme afirma Hilton Japiassu (1994), “os fatos não falam” (Japiassu, 1994, p.09), ou
seja, a informação que chega aos jornalistas ou repórteres é narrada por pessoas que
participaram dos fatos ou o presenciaram, trazendo em seu relato impressões próprias do
ocorrido. Cabe aos editores e jornalistas a responsabilidade de filtrar tais impressões e
transportar o fato para o papel, da maneira mais objetiva possível, evitando palavras ou frases
que contenham em suas entrelinhas a intenção de julgamento.
Devido ao amplo poder de abrangência da TV, a missão de comunicar, no que diz respeito
ao telejornal, não é tão simples como parece. Na mídia impressa, caso o leitor não entenda o
que foi dito, tem-se a possibilidade de retornar ao assunto, reler, refletir, e só então formar
uma opinião sobre o que o repórter ali escreveu.
Pode-se ter uma idéia da abrangência da TV no Brasil através dos dados divulgados pela
Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrodomésticos. Segundo a Eletros,
existem atualmente cerca de 80 milhões de aparelhos de TV no Brasil, ou seja, 87% das
residências brasileiras possuem aparelho de TV (IBGE,2000). Segundo Vera Íris Paternostro
(1999), são características da televisão, enquanto veículo de comunicação em massa:
informação visual, superficialidade, imediatismo, alcance, instantaneidade, envolvimento e
índices de audiência. Na TV, a notícia é comunicada em tempo real, ou seja, há apenas uma
oportunidade de se fazer entender. Qualquer engano ou erro na formulação do texto ou na
forma de emitir a notícia pode causar um mal-entendido, e conseqüentemente, um grande
transtorno à emissora. Segundo o código de ética, “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação” (In Barbairo & Lima, 2002, p. 161). Desde o início do telejornalismo no Brasil, houve a preocupação de evitar tais transtornos, o que levou os editores de telejornais,
principalmente do Jornal Nacional, a buscarem a padronização da linguagem escrita e oral.
Regras foram criadas, tanto para a construção das frases, quanto para a linguagem oral
utilizada pelos apresentadores. Este trabalho tem como objetivo apresentar um panorama da
padronização da linguagem no telejornalismo brasileiro, destacando o Jornal Nacional,
tecendo um comparativo da evolução desta linguagem, desde a estréia do JN, em 1969, e o
que se pratica hoje na linguagem jornalística da TV.
Breve histórico do telejornalismo brasileiro
O primeiro jornal em imagens que se tem notícia foi produzido em 1909 pelos irmãos
Auguste e Louis Lumière, dois franceses que inventaram o cinematógrafo e que, segundo a
profa. Ruth Viana1 (2003), “se dedicaram a registrar cenas curiosas do mundo e fatos de
importância histórica”. Segundo Tell de Castro2 (2005), o telejornalismo no Brasil teve seu início juntamente com o surgimento da TV. Em 18 de setembro de 1950, Assis Chateubrian inaugurou a PRF-3/ TV Tupi, na cidade de São Paulo, transmitindo sua programação para cerca de 200 televisores. Maurício Loureiro Gama foi o jornalista a comandar o primeiro telejornal da TV brasileira, o “Imagens do Dia”. O jornal não tinha um horário fixo nem período de duração definido. Exibindo imagens ao vivo das notícias diárias, dependia da instabilidade da programação e costumava apresentar problemas técnicos, decorrentes da precariedade dos primeiros dias de funcionamento da TV no Brasil. Os profissionais contratados eram oriundos das rádios, que até então era o principal veículo popular de notícias ao vivo. Portanto, a linguagem usada era de locução, longa, detalhada e os acontecimentos eram narrados ao vivo. Em conseqüência disso, alguns programas de rádio migraram para a TV e fizeram grande sucesso. “Imagens do Dia” durou três anos no ar, sendo substituído pelo “Repórter Esso” em 1o. de abril de 1952 . O “Repórter Esso” era um modelo vindo da rádio e criado a partir de uma solicitação da empresa multinacional Esso, através de uma agência de propaganda norte-americana. Nessa época os programas costumavam assumir o nome de seus patrocinadores. Neste programa, o apresentador gaúcho Heron Domingues, abria o telejornal com a famosa chamada: “Aqui fala o seu Repórter Esso, testemunha ocular da história”. O noticiário passou a ser apresentado diariamente às 20 horas, permanecendo no ar por 18 anos (Tell de Castro, 2005).
*1 Profa. Dra. Ruth Penha Alves Viana é pós-doutoranda do Programa de Pós-Doutorado da ECA-USP, autora do
artigo História Comparada do Telejornalismo: Brasil/Espanha, Rio De Janeiro, 2003.
*2 Tell de Castro é pesquisador e jornalista formado pela Unaerp de Ribeirão Preto/SP. Diretor do site Tele
História, que mantém registros da história da TV no Brasil.
O surgimento do Jornal Nacional da Rede Globo
Em 1965 foi inaugurada a TV Globo, cujas fitas dos programas, segundo Zahar (2004),
eram gravadas em São Paulo ou Rio de Janeiro, sendo depois levadas às principais capitais e
cidades por avião ou ônibus, provocando atraso nas suas exibições.
Em 1969 a TV Globo, de modo pioneiro, investiu num sistema de transmissão por
microondas, em parceria com a Embratel, permitindo que os programas fossem exibidos
simultaneamente em várias cidades. Deste modo, no dia 1o. de setembro desse mesmo ano, foi
ao ar o “Jornal Nacional”. Segundo Tell de Castro (2005), o JN foi idealizado por Alice Maria
Tavares Reiniger e Armando Nogueira, diretores da Central Globo de Jornalismo. Ela
atualmente ocupa a diretoria do jornal “Globo News”, e ele atua como comentarista esportivo
do programa “Sportv”. Os apresentadores que estrearam o Jornal Nacional foram Cid Moreira
e Aroldo de Azevedo, que pela primeira vez terminavam um jornal com a simples frase: “Boa
noite”. Além disso, o JN inovou ao apresentar reportagens internacionais via satélite em
tempo real, sendo também o primeiro a apresentá-las em cores.
O “Jornal Nacional” está no ar há mais de três décadas, e desde sua estréia é líder de
audiência, tornando-se um ícone do telejornalismo brasileiro. Os únicos registros existentes da
primeira edição do “Jornal Nacional” são duas fotos. Os registros em vídeo passaram a ser
arquivados somente a partir de 1973, porém, desta época, poucos foram preservados. Em 4 de
junho de 1976, um curto-circuito provocou um incêndio no prédio da TV Globo, sendo salvos
apenas alguns videotapes e filmes do arquivo existente. Somente a partir de 1980, passou a ser
realizado o arquivamento na íntegra das edições do JN (Zahar, 2004, p. 78).
Segundo Tell de Castro (2005), a primeira mulher a apresentar o Jornal Nacional foi
Valéria Monteiro, em 1992, vinte e três anos após a estréia do programa. No dia primeiro de
setembro de 2000, a Globo decidiu inovar, seguindo as últimas tendências do jornalismo
internacional, o telejornal passou a ser apresentado ao vivo, a partir de uma bancada no
mezanino da redação do Rio de Janeiro, onde a câmera passa pela redação até focalizar os
apresentadores. O primeiro apresentador negro deste telejornal foi Heraldo Pereira, que
estreou em 2002, e atualmente participa do rodízio de apresentadores nas edições de sábados.
A partir do momento em que o Jornal Nacional passou a ser exibido em rede no país, seus
diretores demonstraram preocupação em criar um conceito de telejornalismo que abrangesse
as diversidades regionais e que se fizesse compreender claramente por todos. A partir de
então, criou-se um manual, no qual os novos critérios de redação e apresentação serviriam de
guia. Definiu-se que as matérias que iriam ao ar deveriam trazer conteúdo de interesse geral,
atraindo a atenção de telespectadores de todas as regiões. Nos primeiros anos do Jornal Nacional, segundo Zahar (2004), no boletim metereológico, “tempo bom” significava sol e
“tempo ruim” significava dia de chuva, até que alguns passaram a reclamar. No Nordeste,
castigado pela seca, “sol” queria dizer tempo ruim. Desde então, passou-se a ter o cuidado de
não empregar o adjetivo “bom” ou “mau” para se referir ao tempo, usando no lugar as
expressões “dia ensolarado” e “dia chuvoso” (Zahar, 2004, p.39).
A linguagem escrita no Jornal Nacional
No início do Jornal Nacional não havia o teleprompter, então, o apresentador lia o texto e
olhava para a câmera. O texto era datilografado e mimeografado, o que, por vezes, podia-se
notar pelas mãos dos apresentadores, que ficavam azuis por conta da tinta que se soltava do
papel (Zahar, 2004, p.33). O texto lido pelo apresentador era escrito em forma de script.
Tratava-se de um documento em papel, contendo o nome do jornal, a data, a referência, o
texto de abertura, as manchetes, as inserções comerciais e as notícias. O script era
datilografado em papel sulfite, em letras maiúsculas, com dois espaços entre as linhas,
facilitando assim sua leitura. No topo à esquerda, podia-se ler o nome “Jornal Nacional”, logo
abaixo, a data da exibição. No parágrafo seguinte, encontrava-se o espaço indicativo da
vinheta de abertura, com o texto destacado entre duas linhas horizontais, traçadas de uma
margem a outra. Após, do centro para a direita da página, o texto de abertura da estréia do
programa, separado de modo a produzir o destaque necessário, dividido em duas partes para
leitura dos dois apresentadores. À esquerda do texto encontrava-se a indicação do nome do
apresentador que lia a sua parte, sendo esta separada do texto do outro apresentador por outra
linha horizontal. Ao lado do nome do apresentador seguiam-se as letras “V” ou “O”, entre
parênteses, que eram usadas para designar, respectivamente “Ao vivo” e “Off”. Após o texto
de abertura, outra linha horizontal destacava o momento em que entrava no ar o “reclame”, ou
seja, a inserção comercial. Este formato era utilizado até o final do script.
As edições e anotações sobre o tempo de duração de cada parte do texto, eram feitas à
mão, como pode-se observar na cópia do original apresentado na (fig.1). Pode-se observar
também que, desde o início os editores buscaram diferenciar-se dos demais jornais da época,
que adotavam uma linguagem pomposa e formal. Com uma linguagem coloquial, o JN
buscava conquistar maior intimidade com o telespectador. Porém, havia a preocupação de não
vulgarizar o vocabulário. Os textos passaram a ser curtos e objetivos. Armando Nogueira
impunha rigor lingüístico, através da revisão de todos os textos, fazendo anotações à mão para
corrigir as falhas de estilo. Atualmente, o script de papel foi substituído pelo teleprompter, um
aparelho que fica acoplado à câmera, através do qual o apresentador lê uma cópia digitalizada do script, olhando diretamente para o telespectador enquanto dá a notícia. Ainda assim, o
apresentador tem em sua bancada um script de papel, por medida de segurança, no caso de
haver algum problema técnico com o teleprompter.
O script impresso atual, conforme modelo demonstrado na (fig. 2), é digitado utilizandose
a fonte “Arial” tamanho doze, com espaçamento de três centímetros entre linhas, sendo que
o nome do apresentador aparece ente parênteses, seguido do texto que será lido, bem como as
informações de áudio, telão, telefones dos repórteres de externa e entrevistados, textos das
“deixas”, comentários e instruções sobre as perguntas que devem ser feitas ao entrevistado.
As “deixas” são frases que indicam à equipe que a entrevista voltará ao âncora, no estúdio, ou
que haverá uma entrevista em externa ao vivo, naquele ou em outro local, devendo portanto, a
equipe preparar o áudio e microfone do entrevistado para a transmissão. Do lado esquerdo do
script são apresentadas as informações sobre o título da matéria, se a próxima imagem será ao
vivo, data, tempo de duração, nome do âncora, do editor, e os GCs. Os GCs (Geração de
Caracteres) são legendas informativas que aparecem na parte inferior do vídeo, com o
objetivo de informar o telespectador sobre o nome do repórter e o local da reportagem, o
nome do entrevistado, e sua qualificação.
Pode-se observar no script da figura (1), que o texto, já no primeiro JN, apesar de uma
certa formalidade, era coloquial, com o intuito de facilitar o entendimento pelos
telespectadores. Como havia a dinâmica de intercalar a leitura entre os dois apresentadores, as
frases eram curtas e simples, porém os jornalistas passaram a reduzir o texto à sua expressão
mais simples causando, segundo Zahar (2004), um certo empobrecimento da linguagem.
Armando Nogueira, formado no jornalismo impresso, bastante preocupado com o texto e
tido como perfeccionista, fazia pessoalmente correções nos scripts. Em 1975 ele resolveu
produzir um pequeno manual de seis páginas, mimeografado, que trazia algumas regras sobre
como escrever para televisão. Ele recomendava que o editor falasse o texto em voz alta
enquanto escrevia, para verificar se as frases soariam bem aos ouvidos dos telespectadores, o
que ocasionava maior numero de frases curtas e diretas, onde as palavras supérfluas deveriam
ser evitadas, bem como reduzidos os adjetivos (Zahar, 2004, p. 63). Escrever para televisão era, ainda, uma experiência inédita para os profissionais contratados. Alguns usavam a linguagem coloquial exageradamente, tornando o texto confuso e pouco informativo. O exagero era também empregado no uso dos adjetivos, e falhas na elaboração das frases eram comuns nos textos dos repórteres. Na figura (4), pode-se notar a dificuldade que uma repórter encontra em formular a pauta para entrevista com uma modelo famosa. Algumas palavras foram substituídas por (X) por encontrarem-se ilegíveis no original.
O padrão do Jornal Nacional consolidou algumas normas e expressões no manual de texto
para os seus telejornais, mantendo assim, a objetividade, a linguagem coloquial e evitando os
adjetivos. Busca desta forma, a neutralidade ao noticiar os fatos.
Maria F. Canovas de Moura3 (2005), apresenta em seu artigo “Jornalismo e Produção em
TV”, algumas regras para o uso da linguagem na TV. Segundo Canovas (2005), quanto à
formatação, deve-se utilizar somente um dos lados da página, na coluna Áudio deve-se usar um
tamanho de fonte, de modo que em meia lauda, por linha, tenhamos uma média de 32 dígitos
(Times New Roman, 14 ou Verdana 12). Ainda na coluna Áudio, as entrelinhas devem ter
1,5cm, na coluna Vídeo, as entrelinhas podem ser simples, a fonte da coluna Vídeo pode ser
menor que a Áudio (Times New Roman 08 ou Verdana 08). Deve-se utilizar o lado esquerdo da
lauda para as informações referentes ao Vídeo, marcação de tempo, planos, enquadramento,
movimento de câmera e gerador de caracteres, nunca centralizar ou justificar o texto.
*3 Maria Canovas de Moura é professora de Redação para TV na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e autora do artigo Jornalismo e Produção em TV.
As sílabas não devem ser separadas no final de linha, sendo que um texto de TV não pode ter mais que 20 linhas, usando-se apenas uma lauda para cada matéria, mesmo que o texto seja pequeno.
As normas descritas acima, referentes à formatação, demonstram a necessidade de distribuir
numa mesma lauda, o texto, as informações sobre áudio e as instruções do diretor do telejornal.
As instruções referentes às tomadas das câmeras são escritas no lado esquerdo da pauta e o
texto da notícia do lado direito, sendo usada uma pauta para cada notícia, independente do
tamanho do texto. Tal distribuição facilita e agiliza a leitura do apresentador.
Quanto à lingüística, Canovas (2005) destaca que o texto precisa ser conciso e objetivo,
sendo os artigos imprescindíveis. Os adjetivos devem ser evitados e jamais se deve começar
uma frase com gerúndio. Usar o futuro composto (O presidente viaja amanhã), evitando o
futuro do indicativo (O presidente viajará amanhã), e nunca utilizar o futuro do pretérito. As
formas como mesóclise (cantar-se-ia) e ênclise (vendem-se) devem ser substituídas por próclise
(se vendem casas). Não se deve utilizar pronomes pessoais, mas sim identificar quem fala,
dando nomes. As expressões e tempos verbais devem ser simplificados, bem como termos e
expressões específicos de certas áreas devem ser traduzidos para TV. Os números devem ser
sempre escritos por extenso, evitando-se começar o lead
4 de uma matéria com números. O dia deve ser dividido em 12h, ou seja, manhã, tarde e noite - não usar 24h.
Por se tratar de um veículo de massa, que atinge milhões de telespectadores de regiões e
culturas tão diversas, o desafio do telejornal é transmitir a notícia de maneira clara, cujas
palavras não deixem dúvidas sobre a mensagem a ser transmitida. A opinião pessoal do repórter
não é permitida no Jornal Nacional, apenas pequenos comentários esporádicos. As mesóclises
podem tornar a frase confusa na leitura, os pronomes pessoais são substituídos pelo nome
próprio, deixando claro a quem se refere a notícia. Os artigos definidos são utilizados no início
dos textos, evitando-se assim que o texto fique telegráfico. As regras descritas são consideradas
um cânone do telejornalismo. No entanto, com a velocidade cada vez maior com que as
informações são consumidas, acrescidas das novas tecnologias, algumas dessas regras nem
sempre são utilizadas no dia-a-dia dos repórteres e editores dos telejornais.
Para traçar um comparativo entre a linguagem do início da TV e a linguagem atual, foram
elaboradas perguntas em formato de entrevista estruturada, realizada em 25/10/2007 com
funcionárias da RBS, responsáveis pela produção de matérias jornalísticas para a Rede Globo,
na região de Santa Catarina. O questionário foi dividido em duas partes, sendo a primeira referente à linguagem escrita e a segunda à linguagem oral.
A linguagem oral e o sotaque
A linguagem oral, além da mensagem implícita em suas palavras, passa ao interlocutor
informações adicionais, tais como região de origem, classe social, sexo e faixa de idade. O
sotaque pode, portanto, ser considerado um dos aspectos da cultura de cada região, um
complemento da riqueza linguística. Desta forma, a padronização da linguagem oral adotada
pelos telejornais gera polêmica entre educadores, sociólogos e profissionais da TV, pois o
telejornalismo se utiliza do discurso erístico, que segundo Ribeiro (1988, p.16), “ é aquele
citado por Platão no diálogo “República”, em que não há troca entre falante e ouvinte, não dá
chance ao interlocutor de se manifestar”.
Flávio Freire5 (2006) afirma que “a língua manifesta a cultura de um povo, e o sotaque de
um indivíduo marca sua cultura”. Com a influência da padronização da linguagem oral, o
indivíduo tende a perder seu sotaque e, portanto, acaba perdendo sua cultura.
Segundo Freire, “a padronização deveria se limitar aos regionalismos, sendo o sotaque
preservado. Os regionalismos poderiam gerar uma interpretação errônea, mas os sotaques
deveriam ser livres, ajudando desta forma a preservar e promover a cultura nacional”. Luis
Fernando Veríssimo (2007), afirma que “hoje está todo mundo falando o globês. Os
regionalismos estão acabando”. No entanto, há educadores que apóiam a padronização,
considerando-a uma conseqüência da velocidade com que as informações são trocadas, da
globalização da comunicação, e do próprio dinamismo da linguagem oral. Segundo a
professora de língua portuguesa, Flávia Adriane Sant’Ana Cabral (2006), “a padronização
gera uma neutralidade que evita dúvidas em relação ao que os apresentadores do telejornal
estão anunciando. O texto lido sem sotaques não soa agressivo a nenhuma região e não denota
bairrismo” (grifo do autor). Por outro lado, os profissionais de TV têm a missão de criar
textos que possam ser falados de modo a serem compreendidos e assimilados pelos
telespectadores, objetivo este que poderia não ser atingido se cada apresentador tivesse um
sotaque diferente. Desta forma, os jornais criaram um padrão neutro de linguagem oral, quase
isento de regionalismos e sotaques.
Maria Canovas de Moura (2005) destaca algumas normas do Manual de Telejornalismo,
referentes à linguagem oral. Segundo Canovas (2005), o editor deve ler sempre o texto em
voz alta, antes de entregá-lo ao apresentador. Deve-se também evitar a cacofonia, as rimas e
as palavras com a mesma terminação. Frases entre vírgulas também devem ser evitadas, tanto
quanto as frases longas. O texto não deve ser descritivo, a linguagem deve ser coloquial e
obedecer às regras gramaticais. Os jargões devem ser evitados e as expressões e tempos
verbais devem ser simplificados. A característica mais presente nos manuais de telejornalismo
é a freqüente observação que se faz ao uso de linguagem coloquial e de frases curtas. Estes
parecem ser os principais pontos a serem observados ao escrever um texto para telejornal.
Nota-se também que as imagens exercem primazia sobre a locução. Quando uma imagem é
mostrada, ela é o foco da reportagem e o texto deve ser falado de modo a valorizá-la através
dos recursos de texto. Por vezes, a imagem tem narrativa própria e, por si só, transmite a
informação e a emoção, sem uso de palavras. Nas figuras (7 e 8), contendo a continuação da
entrevista realizada com a jornalista Kíria Meurer e a editora Margarida Santi, pode-se notar
que em geral, na linguagem oral, as regras são aplicadas tanto para o repórter de externa
quanto para o editor, que é responsável pelo texto apresentado na bancada.
Considerações Finais
Partindo do princípio de que o objetivo maior do telejornalismo é comunicar fatos,
observa-se que as regras estipuladas desde o início do telejornalismo no Brasil, com o intuito
de se conseguir uma padronização da linguagem oral e escrita, foram, com o decorrer dos
anos, tornando-se mais flexíveis, pois houve uma aproximação entre jornalismo e
entretenimento.
A necessidade da padronização, da linguagem formal e ao mesmo tempo coloquial, não
deixou de existir. No entanto, hoje o apresentador está mais próximo do telespectador. Com a
utilização do teleprompter, o script tornou-se um elemento de apoio. No entanto, no que diz
respeito à forma, o script ainda é bastante parecido com os do início do telejornalismo, com a
ressalva de que agora, ele é digitalizado. Na entrevista apresentada, nota-se, porém que o
script é utilizado apenas pela editora de texto, na criação dos textos a serem lidos pelos
apresentadores, sendo que para as externas a jornalista afirma que não utiliza script, o texto é
criado por ela, no próprio local, através de captação de informações junto ao entrevistado.
Segundo a jornalista Kiria Meurer (2007): “No caso de fatos extraordinários, como a queda do
avião da Tam em São Paulo, por exemplo, todos os jornalistas são deslocados para o local, e
improvisam os textos ao vivo, podendo ocorrer, nestes casos, inclusive erros gramaticais,
devido à situação de improvisação”.
Nos primórdios do telejornalismo no Brasil, e mais especificamente no caso do Jornal
Nacional, quem escrevia o texto era o editor, mas depois que o apresentador Cid Moreira foi
substituído por um apresentador com formação jornalística, o próprio âncora passou a
escrever os textos das matérias, que eram revisados pelos editores. Através da entrevista
apresentada neste artigo, verifica-se que este procedimento é, ainda hoje, adotado nos
departamentos jornalísticos da Rede Globo.
O jornalista, denominado de “âncora”, é amplamente aproveitado, participando de todo o
processo de produção da notícia, desde a escolha da pauta, a apresentação, revisão e edição.
Os comentários de Armando Nogueira, apresentados nos quadros (3) e (4), nas páginas 8 e 9,
respectivamente, demonstram a preocupação do editor-chefe do Jornal Nacional com a
construção dos textos, exigindo dos jornalistas da época que seguissem à risca as regras
lingüísticas criadas para se atingir a linguagem adequada, segundo os parâmetros dos padrões
da Rede Globo.
Fica claro nas pesquisas realizadas, que o manual de telejornalismo, apesar de ser matéria
obrigatória nas faculdades de jornalismo, não é utilizado no dia-a-dia. Os jornalistas recebem,
através da Rede Globo, em horário de trabalho, aulas de língua portuguesa. Algumas regras
ainda são utilizadas, mas muitas foram abandonadas. As regras lingüísticas que deixaram de
ser usadas nos textos, principalmente dos jornalistas de externas, cujo tempo é mais curto,
são:”não iniciar frases com gerúndio, evitar o futuro do indicativo, não usar ênclise, não usar
o futuro do pretérito, não usar pronomes pessoais e evitar começar a matéria com números”.
No entanto, a editora de texto utiliza algumas regras para o texto do apresentador: “Jamais
começar frases com gerúndio, não usar mesóclise nem ênclise, preferindo a próclise e os
números devem ser escritos por extenso”.
O Jornal Nacional, de acordo com depoimentos colhidos na entrevista, é considerado, na
Rede Globo, como um “clássico”, ou seja, o jornal que apresenta a linguagem mais formal e
inserida nas regras de padronização estabelecidas, até mesmo pela pouca duração de cada
matéria, que tem aproximadamente um minuto. No entanto, alguns paradigmas têm sido
quebrados, citando como exemplo, as entrevistas com os candidatos às últimas eleições para
Presidente da República. Esta foi a primeira vez que se permitiu entrevistados na bancada do
Jornal Nacional. Outro paradigma quebrado com o casal Willian Bonner e Fátima Bernardes,
foi a possibilidade de um apresentador olhar para o outro, atitude até então, considerada
inadequada no JN.
Com relação à linguagem oral praticada no JN, afirma a jornalista Kiria: “Hoje o sotaque
praticado de maneira leve, que lembre a região de origem do repórter, tem sido aceito, pois
demonstra a diversidade cultural de um país tão extenso como o Brasil e enriquece a matéria,
porém o sotaque não deve interferir na comunicação da notícia. Os termos regionalistas não
são permitidos, já que necessitam de explicações sobre seu significado, e no Jornal Nacional
não há tempo hábil para tanto”.
Conclui-se que, em termos de comunicação, a busca da criatividade no texto televisivo é
um grande desafio, no qual se tenta a complementação entre texto e imagem, sempre com o
objetivo maior de comunicar da melhor maneira possível, com veracidade, imparcialidade e
clareza.
Referências
MEMORIA GLOBO. Jornal Nacional: a notícia faz história. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2004.
PATERNOSTRO, Vera. O texto na TV: manual de telejornalismo. São Paulo: Brasiliense,
1987.
BARBEIRO, Heródoto & LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de Telejornalismo: os segredos
da noticia em TV. Rio De Janeiro: Campus, 2002.
JAPIASSU, Hilton. Introdução às Ciências Humanas. São Paulo: Letras e Letras, 1994.
RIBEIRO, Sonia Maria. A linguagem coloquial no telejornalismo: marcas e variações.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Letras da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, 1988.
VIANNA, Ruth Penha Alves. História da mídia audiovisual. Rio de Janeiro: Eca-Usp, 2003.
MOREIRA, Hércules Silva et al. História do telejornalismo no Brasil, 2006. Disponível em
.Acessado em 06/09/2007.
MOURA, Maria Francisca Canovas de. Jornalismo e produção em TV, Regras de texto, 2005.
Disponível no site.Acesso em 18/09/2007.
SANTOS, Taynara dos. Padronizar sotaque causa prejuízo cultural, edição n. 96, 2006.
Disponível em.Acesso em 01/09/2007.
COUTINHO, Iluska. O conceito de verdade e sua utilização no jornalismo, edição n. 01,
2004, disponível em.Acesso em
18/09/2007.
CASTRO, Tell de. Jornal Nacional. Tele História, 2005. Disponível em
.Acesso em 08/09/2007.
ANDRADE, José do Carmo et al. Manual de Redação, Jornal do Senado, Brasília, 2001.
Disponível em.Acesso em 19/09/2007.
VERISSIMO, Luis Fernando. A fina expressão da ironia.Revista Língua Portuguesa, edição
no. 22, 2007. Disponível em: http://www.revistalingua.uol.com.br. Acesso em 04/09/2007
SENRA, Stella. A Língua como Serviço. Imediartivismo, 2007. Disponível em
.Acesso em 06/10/2007.
BARATA, Germana et al, A língua na mídia, ed. N. 23, 2001. Disponível em
.Acesso em 04/10/2007.
Entrevistas
Com Kiria Meurer, por Barth, Tânia A N, na RBS TV, Florianópolis, 2007.
Com Margarida Santi, por Barth, Tânia A N, na RBS TV, Florianópolis, 2007.
Florianópolis, outubro de 2007
ESTUDO DE CASO: JORNAL NACIONAL DA REDE GLOBO
Florianópolis 2007
A PADRONIZAÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA NO TELEJORNALISMO
BRASILEIRO: ESTUDO DE CASO JORNAL NACIONAL DA REDE GLOBO
Aluna: Tânia A Neves Barth*
Orientadora: Profa. Eliana C Moreira Utzig**
Resumo
Este trabalho tem como objetivo discutir a padronização da língua nativa brasileira, oral e
escrita, veiculada pelos telejornais, destacando o Jornal Nacional, da Rede Globo de
Televisão. O trabalho apresenta um breve relato sobre o surgimento do telejornalismo no
Brasil, registros da produção dos scripts da primeira edição do Jornal Nacional, regras
lingüísticas utilizadas, e normas criadas pelos editores para a apresentação oral dos textos.
Através de entrevistas realizadas em outubro de 2007, com profissionais da RBS de
Florianópolis, responsáveis pela produção de matérias jornalísticas da região de Santa
Catarina para a Rede Globo, levantou-se um comparativo das mudanças nas regras de
padronização ocorridas no decorrer dos anos. A identificação das normas adotadas para a
padronização da linguagem, foi feita através de pesquisas bibliográficas, artigos acadêmicos e
sites relacionados ao assunto.
Palavras-chave: Telejornalismo, linguagem oral e escrita, Jornal Nacional.
Abstract:
This paper aims to discuss the standardization of Brazilian native language, oral and written,
conveyed by TV news, highlighting the Jornal Nacional, the Globo Television Network. The
work presents a brief report on the emergence of TV news in Brazil, records of the production
of scripts of the first edition of the Jornal Nacional, rules language used, and standards created
by publishers for the oral presentation of texts. Through interviews conducted in October
2007, with professionals RBS, Florianopolis, responsible for the production of material news
from the region of Santa Catarina to Rede Globo, raised to be a comparison of changes in the
rules of standardization that occurred during the years. The identification of standards adopted
for the standardization of the language was done by bibliographic searches, scholarly articles
and web sites related to the subject.
Keywords: Journalism of TV, oral and written language, Jornal Nacional.
* Tânia A. Neves Barth é acadêmica do 8o. período do curso de Letras Português-Inglês na Universidade do Vale do Itajaí/SC, musicista,
atriz registrada no Departamento Regional do Trabalho/SP e produtora de TV.
Mail: taniabrazil_8@hotmail.com
** Orientadora: Profa. Eliana Utzig é mestre em Educação, professora das disciplinas Língua Portuguesa, do curso de Letras, Linguagem Jurídica, do curso de Direito, e Prática Docente, do Núcleo das Licenciaturas, Coordenadora dos projetos de extensão: Encantarolando e Na Ponta da Língua. Mail: eutzig@univali.br
Introdução
O telejornalismo, bem como os demais veículos de comunicação, é responsável por fazer
com que os fatos importantes do dia-a-dia cheguem ao conhecimento dos cidadãos. Sua
missão é comunicar tais fatos de forma que todos os telespectadores, independente de sua
região, entendam perfeitamente o que o apresentador ou repórter tem a dizer. Além disso, o
jornalista responsável por transmitir a notícia, via de regra, deve parecer imparcial, não
emitindo opiniões pessoais a respeito do assunto.
Conforme afirma Hilton Japiassu (1994), “os fatos não falam” (Japiassu, 1994, p.09), ou
seja, a informação que chega aos jornalistas ou repórteres é narrada por pessoas que
participaram dos fatos ou o presenciaram, trazendo em seu relato impressões próprias do
ocorrido. Cabe aos editores e jornalistas a responsabilidade de filtrar tais impressões e
transportar o fato para o papel, da maneira mais objetiva possível, evitando palavras ou frases
que contenham em suas entrelinhas a intenção de julgamento.
Devido ao amplo poder de abrangência da TV, a missão de comunicar, no que diz respeito
ao telejornal, não é tão simples como parece. Na mídia impressa, caso o leitor não entenda o
que foi dito, tem-se a possibilidade de retornar ao assunto, reler, refletir, e só então formar
uma opinião sobre o que o repórter ali escreveu.
Pode-se ter uma idéia da abrangência da TV no Brasil através dos dados divulgados pela
Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrodomésticos. Segundo a Eletros,
existem atualmente cerca de 80 milhões de aparelhos de TV no Brasil, ou seja, 87% das
residências brasileiras possuem aparelho de TV (IBGE,2000). Segundo Vera Íris Paternostro
(1999), são características da televisão, enquanto veículo de comunicação em massa:
informação visual, superficialidade, imediatismo, alcance, instantaneidade, envolvimento e
índices de audiência. Na TV, a notícia é comunicada em tempo real, ou seja, há apenas uma
oportunidade de se fazer entender. Qualquer engano ou erro na formulação do texto ou na
forma de emitir a notícia pode causar um mal-entendido, e conseqüentemente, um grande
transtorno à emissora. Segundo o código de ética, “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação” (In Barbairo & Lima, 2002, p. 161). Desde o início do telejornalismo no Brasil, houve a preocupação de evitar tais transtornos, o que levou os editores de telejornais,
principalmente do Jornal Nacional, a buscarem a padronização da linguagem escrita e oral.
Regras foram criadas, tanto para a construção das frases, quanto para a linguagem oral
utilizada pelos apresentadores. Este trabalho tem como objetivo apresentar um panorama da
padronização da linguagem no telejornalismo brasileiro, destacando o Jornal Nacional,
tecendo um comparativo da evolução desta linguagem, desde a estréia do JN, em 1969, e o
que se pratica hoje na linguagem jornalística da TV.
Breve histórico do telejornalismo brasileiro
O primeiro jornal em imagens que se tem notícia foi produzido em 1909 pelos irmãos
Auguste e Louis Lumière, dois franceses que inventaram o cinematógrafo e que, segundo a
profa. Ruth Viana1 (2003), “se dedicaram a registrar cenas curiosas do mundo e fatos de
importância histórica”. Segundo Tell de Castro2 (2005), o telejornalismo no Brasil teve seu início juntamente com o surgimento da TV. Em 18 de setembro de 1950, Assis Chateubrian inaugurou a PRF-3/ TV Tupi, na cidade de São Paulo, transmitindo sua programação para cerca de 200 televisores. Maurício Loureiro Gama foi o jornalista a comandar o primeiro telejornal da TV brasileira, o “Imagens do Dia”. O jornal não tinha um horário fixo nem período de duração definido. Exibindo imagens ao vivo das notícias diárias, dependia da instabilidade da programação e costumava apresentar problemas técnicos, decorrentes da precariedade dos primeiros dias de funcionamento da TV no Brasil. Os profissionais contratados eram oriundos das rádios, que até então era o principal veículo popular de notícias ao vivo. Portanto, a linguagem usada era de locução, longa, detalhada e os acontecimentos eram narrados ao vivo. Em conseqüência disso, alguns programas de rádio migraram para a TV e fizeram grande sucesso. “Imagens do Dia” durou três anos no ar, sendo substituído pelo “Repórter Esso” em 1o. de abril de 1952 . O “Repórter Esso” era um modelo vindo da rádio e criado a partir de uma solicitação da empresa multinacional Esso, através de uma agência de propaganda norte-americana. Nessa época os programas costumavam assumir o nome de seus patrocinadores. Neste programa, o apresentador gaúcho Heron Domingues, abria o telejornal com a famosa chamada: “Aqui fala o seu Repórter Esso, testemunha ocular da história”. O noticiário passou a ser apresentado diariamente às 20 horas, permanecendo no ar por 18 anos (Tell de Castro, 2005).
*1 Profa. Dra. Ruth Penha Alves Viana é pós-doutoranda do Programa de Pós-Doutorado da ECA-USP, autora do
artigo História Comparada do Telejornalismo: Brasil/Espanha, Rio De Janeiro, 2003.
*2 Tell de Castro é pesquisador e jornalista formado pela Unaerp de Ribeirão Preto/SP. Diretor do site Tele
História, que mantém registros da história da TV no Brasil.
O surgimento do Jornal Nacional da Rede Globo
Em 1965 foi inaugurada a TV Globo, cujas fitas dos programas, segundo Zahar (2004),
eram gravadas em São Paulo ou Rio de Janeiro, sendo depois levadas às principais capitais e
cidades por avião ou ônibus, provocando atraso nas suas exibições.
Em 1969 a TV Globo, de modo pioneiro, investiu num sistema de transmissão por
microondas, em parceria com a Embratel, permitindo que os programas fossem exibidos
simultaneamente em várias cidades. Deste modo, no dia 1o. de setembro desse mesmo ano, foi
ao ar o “Jornal Nacional”. Segundo Tell de Castro (2005), o JN foi idealizado por Alice Maria
Tavares Reiniger e Armando Nogueira, diretores da Central Globo de Jornalismo. Ela
atualmente ocupa a diretoria do jornal “Globo News”, e ele atua como comentarista esportivo
do programa “Sportv”. Os apresentadores que estrearam o Jornal Nacional foram Cid Moreira
e Aroldo de Azevedo, que pela primeira vez terminavam um jornal com a simples frase: “Boa
noite”. Além disso, o JN inovou ao apresentar reportagens internacionais via satélite em
tempo real, sendo também o primeiro a apresentá-las em cores.
O “Jornal Nacional” está no ar há mais de três décadas, e desde sua estréia é líder de
audiência, tornando-se um ícone do telejornalismo brasileiro. Os únicos registros existentes da
primeira edição do “Jornal Nacional” são duas fotos. Os registros em vídeo passaram a ser
arquivados somente a partir de 1973, porém, desta época, poucos foram preservados. Em 4 de
junho de 1976, um curto-circuito provocou um incêndio no prédio da TV Globo, sendo salvos
apenas alguns videotapes e filmes do arquivo existente. Somente a partir de 1980, passou a ser
realizado o arquivamento na íntegra das edições do JN (Zahar, 2004, p. 78).
Segundo Tell de Castro (2005), a primeira mulher a apresentar o Jornal Nacional foi
Valéria Monteiro, em 1992, vinte e três anos após a estréia do programa. No dia primeiro de
setembro de 2000, a Globo decidiu inovar, seguindo as últimas tendências do jornalismo
internacional, o telejornal passou a ser apresentado ao vivo, a partir de uma bancada no
mezanino da redação do Rio de Janeiro, onde a câmera passa pela redação até focalizar os
apresentadores. O primeiro apresentador negro deste telejornal foi Heraldo Pereira, que
estreou em 2002, e atualmente participa do rodízio de apresentadores nas edições de sábados.
A partir do momento em que o Jornal Nacional passou a ser exibido em rede no país, seus
diretores demonstraram preocupação em criar um conceito de telejornalismo que abrangesse
as diversidades regionais e que se fizesse compreender claramente por todos. A partir de
então, criou-se um manual, no qual os novos critérios de redação e apresentação serviriam de
guia. Definiu-se que as matérias que iriam ao ar deveriam trazer conteúdo de interesse geral,
atraindo a atenção de telespectadores de todas as regiões. Nos primeiros anos do Jornal Nacional, segundo Zahar (2004), no boletim metereológico, “tempo bom” significava sol e
“tempo ruim” significava dia de chuva, até que alguns passaram a reclamar. No Nordeste,
castigado pela seca, “sol” queria dizer tempo ruim. Desde então, passou-se a ter o cuidado de
não empregar o adjetivo “bom” ou “mau” para se referir ao tempo, usando no lugar as
expressões “dia ensolarado” e “dia chuvoso” (Zahar, 2004, p.39).
A linguagem escrita no Jornal Nacional
No início do Jornal Nacional não havia o teleprompter, então, o apresentador lia o texto e
olhava para a câmera. O texto era datilografado e mimeografado, o que, por vezes, podia-se
notar pelas mãos dos apresentadores, que ficavam azuis por conta da tinta que se soltava do
papel (Zahar, 2004, p.33). O texto lido pelo apresentador era escrito em forma de script.
Tratava-se de um documento em papel, contendo o nome do jornal, a data, a referência, o
texto de abertura, as manchetes, as inserções comerciais e as notícias. O script era
datilografado em papel sulfite, em letras maiúsculas, com dois espaços entre as linhas,
facilitando assim sua leitura. No topo à esquerda, podia-se ler o nome “Jornal Nacional”, logo
abaixo, a data da exibição. No parágrafo seguinte, encontrava-se o espaço indicativo da
vinheta de abertura, com o texto destacado entre duas linhas horizontais, traçadas de uma
margem a outra. Após, do centro para a direita da página, o texto de abertura da estréia do
programa, separado de modo a produzir o destaque necessário, dividido em duas partes para
leitura dos dois apresentadores. À esquerda do texto encontrava-se a indicação do nome do
apresentador que lia a sua parte, sendo esta separada do texto do outro apresentador por outra
linha horizontal. Ao lado do nome do apresentador seguiam-se as letras “V” ou “O”, entre
parênteses, que eram usadas para designar, respectivamente “Ao vivo” e “Off”. Após o texto
de abertura, outra linha horizontal destacava o momento em que entrava no ar o “reclame”, ou
seja, a inserção comercial. Este formato era utilizado até o final do script.
As edições e anotações sobre o tempo de duração de cada parte do texto, eram feitas à
mão, como pode-se observar na cópia do original apresentado na (fig.1). Pode-se observar
também que, desde o início os editores buscaram diferenciar-se dos demais jornais da época,
que adotavam uma linguagem pomposa e formal. Com uma linguagem coloquial, o JN
buscava conquistar maior intimidade com o telespectador. Porém, havia a preocupação de não
vulgarizar o vocabulário. Os textos passaram a ser curtos e objetivos. Armando Nogueira
impunha rigor lingüístico, através da revisão de todos os textos, fazendo anotações à mão para
corrigir as falhas de estilo. Atualmente, o script de papel foi substituído pelo teleprompter, um
aparelho que fica acoplado à câmera, através do qual o apresentador lê uma cópia digitalizada do script, olhando diretamente para o telespectador enquanto dá a notícia. Ainda assim, o
apresentador tem em sua bancada um script de papel, por medida de segurança, no caso de
haver algum problema técnico com o teleprompter.
O script impresso atual, conforme modelo demonstrado na (fig. 2), é digitado utilizandose
a fonte “Arial” tamanho doze, com espaçamento de três centímetros entre linhas, sendo que
o nome do apresentador aparece ente parênteses, seguido do texto que será lido, bem como as
informações de áudio, telão, telefones dos repórteres de externa e entrevistados, textos das
“deixas”, comentários e instruções sobre as perguntas que devem ser feitas ao entrevistado.
As “deixas” são frases que indicam à equipe que a entrevista voltará ao âncora, no estúdio, ou
que haverá uma entrevista em externa ao vivo, naquele ou em outro local, devendo portanto, a
equipe preparar o áudio e microfone do entrevistado para a transmissão. Do lado esquerdo do
script são apresentadas as informações sobre o título da matéria, se a próxima imagem será ao
vivo, data, tempo de duração, nome do âncora, do editor, e os GCs. Os GCs (Geração de
Caracteres) são legendas informativas que aparecem na parte inferior do vídeo, com o
objetivo de informar o telespectador sobre o nome do repórter e o local da reportagem, o
nome do entrevistado, e sua qualificação.
Pode-se observar no script da figura (1), que o texto, já no primeiro JN, apesar de uma
certa formalidade, era coloquial, com o intuito de facilitar o entendimento pelos
telespectadores. Como havia a dinâmica de intercalar a leitura entre os dois apresentadores, as
frases eram curtas e simples, porém os jornalistas passaram a reduzir o texto à sua expressão
mais simples causando, segundo Zahar (2004), um certo empobrecimento da linguagem.
Armando Nogueira, formado no jornalismo impresso, bastante preocupado com o texto e
tido como perfeccionista, fazia pessoalmente correções nos scripts. Em 1975 ele resolveu
produzir um pequeno manual de seis páginas, mimeografado, que trazia algumas regras sobre
como escrever para televisão. Ele recomendava que o editor falasse o texto em voz alta
enquanto escrevia, para verificar se as frases soariam bem aos ouvidos dos telespectadores, o
que ocasionava maior numero de frases curtas e diretas, onde as palavras supérfluas deveriam
ser evitadas, bem como reduzidos os adjetivos (Zahar, 2004, p. 63). Escrever para televisão era, ainda, uma experiência inédita para os profissionais contratados. Alguns usavam a linguagem coloquial exageradamente, tornando o texto confuso e pouco informativo. O exagero era também empregado no uso dos adjetivos, e falhas na elaboração das frases eram comuns nos textos dos repórteres. Na figura (4), pode-se notar a dificuldade que uma repórter encontra em formular a pauta para entrevista com uma modelo famosa. Algumas palavras foram substituídas por (X) por encontrarem-se ilegíveis no original.
O padrão do Jornal Nacional consolidou algumas normas e expressões no manual de texto
para os seus telejornais, mantendo assim, a objetividade, a linguagem coloquial e evitando os
adjetivos. Busca desta forma, a neutralidade ao noticiar os fatos.
Maria F. Canovas de Moura3 (2005), apresenta em seu artigo “Jornalismo e Produção em
TV”, algumas regras para o uso da linguagem na TV. Segundo Canovas (2005), quanto à
formatação, deve-se utilizar somente um dos lados da página, na coluna Áudio deve-se usar um
tamanho de fonte, de modo que em meia lauda, por linha, tenhamos uma média de 32 dígitos
(Times New Roman, 14 ou Verdana 12). Ainda na coluna Áudio, as entrelinhas devem ter
1,5cm, na coluna Vídeo, as entrelinhas podem ser simples, a fonte da coluna Vídeo pode ser
menor que a Áudio (Times New Roman 08 ou Verdana 08). Deve-se utilizar o lado esquerdo da
lauda para as informações referentes ao Vídeo, marcação de tempo, planos, enquadramento,
movimento de câmera e gerador de caracteres, nunca centralizar ou justificar o texto.
*3 Maria Canovas de Moura é professora de Redação para TV na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e autora do artigo Jornalismo e Produção em TV.
As sílabas não devem ser separadas no final de linha, sendo que um texto de TV não pode ter mais que 20 linhas, usando-se apenas uma lauda para cada matéria, mesmo que o texto seja pequeno.
As normas descritas acima, referentes à formatação, demonstram a necessidade de distribuir
numa mesma lauda, o texto, as informações sobre áudio e as instruções do diretor do telejornal.
As instruções referentes às tomadas das câmeras são escritas no lado esquerdo da pauta e o
texto da notícia do lado direito, sendo usada uma pauta para cada notícia, independente do
tamanho do texto. Tal distribuição facilita e agiliza a leitura do apresentador.
Quanto à lingüística, Canovas (2005) destaca que o texto precisa ser conciso e objetivo,
sendo os artigos imprescindíveis. Os adjetivos devem ser evitados e jamais se deve começar
uma frase com gerúndio. Usar o futuro composto (O presidente viaja amanhã), evitando o
futuro do indicativo (O presidente viajará amanhã), e nunca utilizar o futuro do pretérito. As
formas como mesóclise (cantar-se-ia) e ênclise (vendem-se) devem ser substituídas por próclise
(se vendem casas). Não se deve utilizar pronomes pessoais, mas sim identificar quem fala,
dando nomes. As expressões e tempos verbais devem ser simplificados, bem como termos e
expressões específicos de certas áreas devem ser traduzidos para TV. Os números devem ser
sempre escritos por extenso, evitando-se começar o lead
4 de uma matéria com números. O dia deve ser dividido em 12h, ou seja, manhã, tarde e noite - não usar 24h.
Por se tratar de um veículo de massa, que atinge milhões de telespectadores de regiões e
culturas tão diversas, o desafio do telejornal é transmitir a notícia de maneira clara, cujas
palavras não deixem dúvidas sobre a mensagem a ser transmitida. A opinião pessoal do repórter
não é permitida no Jornal Nacional, apenas pequenos comentários esporádicos. As mesóclises
podem tornar a frase confusa na leitura, os pronomes pessoais são substituídos pelo nome
próprio, deixando claro a quem se refere a notícia. Os artigos definidos são utilizados no início
dos textos, evitando-se assim que o texto fique telegráfico. As regras descritas são consideradas
um cânone do telejornalismo. No entanto, com a velocidade cada vez maior com que as
informações são consumidas, acrescidas das novas tecnologias, algumas dessas regras nem
sempre são utilizadas no dia-a-dia dos repórteres e editores dos telejornais.
Para traçar um comparativo entre a linguagem do início da TV e a linguagem atual, foram
elaboradas perguntas em formato de entrevista estruturada, realizada em 25/10/2007 com
funcionárias da RBS, responsáveis pela produção de matérias jornalísticas para a Rede Globo,
na região de Santa Catarina. O questionário foi dividido em duas partes, sendo a primeira referente à linguagem escrita e a segunda à linguagem oral.
A linguagem oral e o sotaque
A linguagem oral, além da mensagem implícita em suas palavras, passa ao interlocutor
informações adicionais, tais como região de origem, classe social, sexo e faixa de idade. O
sotaque pode, portanto, ser considerado um dos aspectos da cultura de cada região, um
complemento da riqueza linguística. Desta forma, a padronização da linguagem oral adotada
pelos telejornais gera polêmica entre educadores, sociólogos e profissionais da TV, pois o
telejornalismo se utiliza do discurso erístico, que segundo Ribeiro (1988, p.16), “ é aquele
citado por Platão no diálogo “República”, em que não há troca entre falante e ouvinte, não dá
chance ao interlocutor de se manifestar”.
Flávio Freire5 (2006) afirma que “a língua manifesta a cultura de um povo, e o sotaque de
um indivíduo marca sua cultura”. Com a influência da padronização da linguagem oral, o
indivíduo tende a perder seu sotaque e, portanto, acaba perdendo sua cultura.
Segundo Freire, “a padronização deveria se limitar aos regionalismos, sendo o sotaque
preservado. Os regionalismos poderiam gerar uma interpretação errônea, mas os sotaques
deveriam ser livres, ajudando desta forma a preservar e promover a cultura nacional”. Luis
Fernando Veríssimo (2007), afirma que “hoje está todo mundo falando o globês. Os
regionalismos estão acabando”. No entanto, há educadores que apóiam a padronização,
considerando-a uma conseqüência da velocidade com que as informações são trocadas, da
globalização da comunicação, e do próprio dinamismo da linguagem oral. Segundo a
professora de língua portuguesa, Flávia Adriane Sant’Ana Cabral (2006), “a padronização
gera uma neutralidade que evita dúvidas em relação ao que os apresentadores do telejornal
estão anunciando. O texto lido sem sotaques não soa agressivo a nenhuma região e não denota
bairrismo” (grifo do autor). Por outro lado, os profissionais de TV têm a missão de criar
textos que possam ser falados de modo a serem compreendidos e assimilados pelos
telespectadores, objetivo este que poderia não ser atingido se cada apresentador tivesse um
sotaque diferente. Desta forma, os jornais criaram um padrão neutro de linguagem oral, quase
isento de regionalismos e sotaques.
Maria Canovas de Moura (2005) destaca algumas normas do Manual de Telejornalismo,
referentes à linguagem oral. Segundo Canovas (2005), o editor deve ler sempre o texto em
voz alta, antes de entregá-lo ao apresentador. Deve-se também evitar a cacofonia, as rimas e
as palavras com a mesma terminação. Frases entre vírgulas também devem ser evitadas, tanto
quanto as frases longas. O texto não deve ser descritivo, a linguagem deve ser coloquial e
obedecer às regras gramaticais. Os jargões devem ser evitados e as expressões e tempos
verbais devem ser simplificados. A característica mais presente nos manuais de telejornalismo
é a freqüente observação que se faz ao uso de linguagem coloquial e de frases curtas. Estes
parecem ser os principais pontos a serem observados ao escrever um texto para telejornal.
Nota-se também que as imagens exercem primazia sobre a locução. Quando uma imagem é
mostrada, ela é o foco da reportagem e o texto deve ser falado de modo a valorizá-la através
dos recursos de texto. Por vezes, a imagem tem narrativa própria e, por si só, transmite a
informação e a emoção, sem uso de palavras. Nas figuras (7 e 8), contendo a continuação da
entrevista realizada com a jornalista Kíria Meurer e a editora Margarida Santi, pode-se notar
que em geral, na linguagem oral, as regras são aplicadas tanto para o repórter de externa
quanto para o editor, que é responsável pelo texto apresentado na bancada.
Considerações Finais
Partindo do princípio de que o objetivo maior do telejornalismo é comunicar fatos,
observa-se que as regras estipuladas desde o início do telejornalismo no Brasil, com o intuito
de se conseguir uma padronização da linguagem oral e escrita, foram, com o decorrer dos
anos, tornando-se mais flexíveis, pois houve uma aproximação entre jornalismo e
entretenimento.
A necessidade da padronização, da linguagem formal e ao mesmo tempo coloquial, não
deixou de existir. No entanto, hoje o apresentador está mais próximo do telespectador. Com a
utilização do teleprompter, o script tornou-se um elemento de apoio. No entanto, no que diz
respeito à forma, o script ainda é bastante parecido com os do início do telejornalismo, com a
ressalva de que agora, ele é digitalizado. Na entrevista apresentada, nota-se, porém que o
script é utilizado apenas pela editora de texto, na criação dos textos a serem lidos pelos
apresentadores, sendo que para as externas a jornalista afirma que não utiliza script, o texto é
criado por ela, no próprio local, através de captação de informações junto ao entrevistado.
Segundo a jornalista Kiria Meurer (2007): “No caso de fatos extraordinários, como a queda do
avião da Tam em São Paulo, por exemplo, todos os jornalistas são deslocados para o local, e
improvisam os textos ao vivo, podendo ocorrer, nestes casos, inclusive erros gramaticais,
devido à situação de improvisação”.
Nos primórdios do telejornalismo no Brasil, e mais especificamente no caso do Jornal
Nacional, quem escrevia o texto era o editor, mas depois que o apresentador Cid Moreira foi
substituído por um apresentador com formação jornalística, o próprio âncora passou a
escrever os textos das matérias, que eram revisados pelos editores. Através da entrevista
apresentada neste artigo, verifica-se que este procedimento é, ainda hoje, adotado nos
departamentos jornalísticos da Rede Globo.
O jornalista, denominado de “âncora”, é amplamente aproveitado, participando de todo o
processo de produção da notícia, desde a escolha da pauta, a apresentação, revisão e edição.
Os comentários de Armando Nogueira, apresentados nos quadros (3) e (4), nas páginas 8 e 9,
respectivamente, demonstram a preocupação do editor-chefe do Jornal Nacional com a
construção dos textos, exigindo dos jornalistas da época que seguissem à risca as regras
lingüísticas criadas para se atingir a linguagem adequada, segundo os parâmetros dos padrões
da Rede Globo.
Fica claro nas pesquisas realizadas, que o manual de telejornalismo, apesar de ser matéria
obrigatória nas faculdades de jornalismo, não é utilizado no dia-a-dia. Os jornalistas recebem,
através da Rede Globo, em horário de trabalho, aulas de língua portuguesa. Algumas regras
ainda são utilizadas, mas muitas foram abandonadas. As regras lingüísticas que deixaram de
ser usadas nos textos, principalmente dos jornalistas de externas, cujo tempo é mais curto,
são:”não iniciar frases com gerúndio, evitar o futuro do indicativo, não usar ênclise, não usar
o futuro do pretérito, não usar pronomes pessoais e evitar começar a matéria com números”.
No entanto, a editora de texto utiliza algumas regras para o texto do apresentador: “Jamais
começar frases com gerúndio, não usar mesóclise nem ênclise, preferindo a próclise e os
números devem ser escritos por extenso”.
O Jornal Nacional, de acordo com depoimentos colhidos na entrevista, é considerado, na
Rede Globo, como um “clássico”, ou seja, o jornal que apresenta a linguagem mais formal e
inserida nas regras de padronização estabelecidas, até mesmo pela pouca duração de cada
matéria, que tem aproximadamente um minuto. No entanto, alguns paradigmas têm sido
quebrados, citando como exemplo, as entrevistas com os candidatos às últimas eleições para
Presidente da República. Esta foi a primeira vez que se permitiu entrevistados na bancada do
Jornal Nacional. Outro paradigma quebrado com o casal Willian Bonner e Fátima Bernardes,
foi a possibilidade de um apresentador olhar para o outro, atitude até então, considerada
inadequada no JN.
Com relação à linguagem oral praticada no JN, afirma a jornalista Kiria: “Hoje o sotaque
praticado de maneira leve, que lembre a região de origem do repórter, tem sido aceito, pois
demonstra a diversidade cultural de um país tão extenso como o Brasil e enriquece a matéria,
porém o sotaque não deve interferir na comunicação da notícia. Os termos regionalistas não
são permitidos, já que necessitam de explicações sobre seu significado, e no Jornal Nacional
não há tempo hábil para tanto”.
Conclui-se que, em termos de comunicação, a busca da criatividade no texto televisivo é
um grande desafio, no qual se tenta a complementação entre texto e imagem, sempre com o
objetivo maior de comunicar da melhor maneira possível, com veracidade, imparcialidade e
clareza.
Referências
MEMORIA GLOBO. Jornal Nacional: a notícia faz história. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2004.
PATERNOSTRO, Vera. O texto na TV: manual de telejornalismo. São Paulo: Brasiliense,
1987.
BARBEIRO, Heródoto & LIMA, Paulo Rodolfo de. Manual de Telejornalismo: os segredos
da noticia em TV. Rio De Janeiro: Campus, 2002.
JAPIASSU, Hilton. Introdução às Ciências Humanas. São Paulo: Letras e Letras, 1994.
RIBEIRO, Sonia Maria. A linguagem coloquial no telejornalismo: marcas e variações.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de Letras da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro, 1988.
VIANNA, Ruth Penha Alves. História da mídia audiovisual. Rio de Janeiro: Eca-Usp, 2003.
MOREIRA, Hércules Silva et al. História do telejornalismo no Brasil, 2006. Disponível em
MOURA, Maria Francisca Canovas de. Jornalismo e produção em TV, Regras de texto, 2005.
Disponível no site
SANTOS, Taynara dos. Padronizar sotaque causa prejuízo cultural, edição n. 96, 2006.
Disponível em
COUTINHO, Iluska. O conceito de verdade e sua utilização no jornalismo, edição n. 01,
2004, disponível em
18/09/2007.
CASTRO, Tell de. Jornal Nacional. Tele História, 2005. Disponível em
ANDRADE, José do Carmo et al. Manual de Redação, Jornal do Senado, Brasília, 2001.
Disponível em
VERISSIMO, Luis Fernando. A fina expressão da ironia.Revista Língua Portuguesa, edição
no. 22, 2007. Disponível em: http://www.revistalingua.uol.com.br. Acesso em 04/09/2007
SENRA, Stella. A Língua como Serviço. Imediartivismo, 2007. Disponível em
BARATA, Germana et al, A língua na mídia, ed. N. 23, 2001. Disponível em
Entrevistas
Com Kiria Meurer, por Barth, Tânia A N, na RBS TV, Florianópolis, 2007.
Com Margarida Santi, por Barth, Tânia A N, na RBS TV, Florianópolis, 2007.
Florianópolis, outubro de 2007
Assinar:
Postagens (Atom)